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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Leigos, na cidade dos homens, construtores da cidade de Deus

No mês das vocações, destacamos a vocação dos cristãos leigos e leigas. São todos os membros da Igreja que vivem sua fé e sua consagração batismal nas condições ordinárias da vida: na família, nas profissões, no mundo da cultura ou exercendo responsabilidades sociais. É esse imenso povo de Deus presente em todo o tecido social, permeando-o com o sal e fermento do Evangelho e irradiando sobre as realidades deste mundo a luz de Cristo, que ilumina sua própria vida.
Com frequência, somos levados a considerar como “cristãos leigos” apenas aqueles que realizam atividades pastorais no ambiente eclesial propriamente dito. Certamente, a sua participação na vida da Igreja, naquilo que lhe compete, é de suma importância e a Igreja agradece a sua colaboração generosa nas diversas responsabilidades das comunidades eclesiais, como a catequese, a animação litúrgica ou as muitas formas de ação pastoral e administrativa. No entanto, nem todos os fiéis leigos poderiam estar empenhados em alguma pastoral.
De fato, porém, a vocação primordial dos fiéis leigos é testemunhar a novidade do Reino de Deus no “mundo secular” (cf LG 31), lá onde a Igreja não está presente de forma institucional. Trata-se de um vastíssimo e desafiador campo para a ação missionária da Igreja, a ser atingido sobretudo através dos leigos. A vida na comunidade eclesial, as celebrações litúrgicas e as organizações eclesiais são momentos e espaços necessários para o cultivo e a alimentação da fé, para o suporte e o preparo para a ação no mundo; toda a vida do cristão leva à Eucaristia e, dela, tira sua força toda a fecundidade para a vivência apostólica diária. O mesmo poderia ser dito da Palavra de Deus: dela parte todo impulso para a missão e, ao mesmo tempo, toda ação cristã no mundo requer constante retorno à Palavra de Deus para iluminar, discernir, encorajar e sustentar a vivência da fé. Mas a vida cristã não se restringe a esses momentos e espaços.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O mártir é “uma pessoa extremamente livre”, diz Papa

Bento XVI pede o compromisso diário de crescer no amor a Deus

O mártir é “uma pessoa extremamente livre” – afirma Bento XVI – pois a graça de Deus não suprime a liberdade, mas a enriquece.


O Papa falou sobre o martírio, “forma de amor total a Deus”, na audiência geral desta quarta-feira, realizada junto aos peregrinos reunidos em Castel Gandolfo.

“Onde se funda o martírio? – perguntou primeiramente o Papa –. A resposta é simples: sobre a morte de Jesus, sobre seu sacrifício supremo de amor, consumado na Cruz para que pudéssemos ter a vida”.

No martírio, opera “a lógica do grão de trigo, que morre para germinar e trazer a vida”. “O próprio Jesus é o “grão de trigo que veio de Deus, o grão divino, que se deixa cair na terra, que se deixa partir, quebrar na morte e, precisamente através disto, se abre e pode assim dar fruto na vastidão do mundo”.


domingo, 15 de agosto de 2010

Festa da Assunção de Nossa Senhora

Você é bendita entre as mulheres”

            O evangelho da festa de hoje tem duas partes bem distintas, o encontro entre Maria (grávida de Jesus) e Isabel (grávida de João); e, o Canto do Magnificat. Para entender o objetivo de Lucas em relatar os eventos ligados à concepção e nascimento de Jesus, é essencial conhecer algo da sua visão teológica. Para ele, o importante é acentuar o grande contraste, e ao mesmo tempo a continuidade, entre a Antiga e a Nova Aliança. A primeira está retratada nos eventos ligados ao nascimento de João, e tem os seus representantes em Isabel, Zacarias e João; a segunda está nos relatos do nascimento de Jesus, com as figuras de Maria, José e Jesus. Para Lucas, a Antiga Aliança está esgotada - os seus símbolos são Isabel, estéril e idosa, Zacarias, sacerdote que não acredita no anúncio do anjo, e o nenê que será um profeta, figura típica do Antigo Testamento.

Em contraste, a Nova Aliança tem como símbolos a virgem jovem de Nazaré que acredita e cujo filho será o próprio Filho de Deus. Mais adiante, Lucas enfatiza este contraste nas figuras de Ana e Simeão, no Templo, (Lc 2, 25-38), especialmente quando Simeão reza: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. Porque meus olhos viram a tua salvação” (2, 29)

sábado, 14 de agosto de 2010

São Maximiliano Maria Kolbe, presítero e mártir

Das Cartas de São Maximiliano Maria Kolbe

(O. Joachim Roman Bar, O.F.M.Conv., ed. Wybór Pism, Warszawa 1973, 41-42; 226) Do Séc. XX

Do zelo apostólico que se deve ter ao procurar a salvação e santificação das almas

Muito me alegra, caro irmão, o zelo que te inflama na promoção da glória de Deus. Pois observamos com tristeza, em nossos tempos, não só entre os leigos mas também entre os religiosos, a doença quase epidêmica que se chama indiferentismo, que se propaga de várias formas. Ora, como Deus é digno de infinita glória, nosso primeiro e mais importante ideal deve ser, com nossas exíguas forças, lhe darmos o máximo de glória, embora nunca possamos dar quanto de nós, pobres peregrinos, ele merece.

Como a glória de Deus resplandece principalmente na salvação das almas que Cristo remiu com seu próprio sangue, o desejo mais elevado da vida apostólica será procurar a salvação e santificação do maior número possível. E quero brevemente dizer-te qual o melhor caminho para este fim, isto é, para conseguir a glória divina e a santificação de muitas almas. Deus, ciência e sabedoria infinita, sabendo o que, de nossa parte, mais contribui para aumentar sua glória, manifesta-nos a sua vontade sobretudo pelos seus ministros na terra.

É a obediência, e ela só, que nos indica a vontade de Deus com evidência. O superior pode errar, mas não é possível que nós, ao seguirmos a obediência, sejamos levados ao erro. Só poderia haver uma exceção se o superior mandasse algo que incluísse – mesmo em grau mínimo – uma violação da lei divina; pois, neste caso, o superior não seria fiel intérprete de Deus.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O que é ser presbítero hoje?

Dom Orani João Tempesta*, Arcebispo do Rio de Janeiro

“Neste mundo confuso e até preconceituoso com a figura do Bom Pastor, que deve ser todo ministro do altar”, o que é o ser presbítero hoje?



“Como deve agir o padre, hoje, na cena deste mundo em grande transformação?”, questiona ainda o prelado.

O presbítero – afirma Dom Orani –, “antes de tudo, é o homem da Palavra de Deus, o homem do sacramento, o homem do ‘mistério da fé’”.

Os padres “têm o dever primário de proclamar o Evangelho de Deus a todos os homens”, explica, citando a Presbyterorum Ordinis. Mas nesta proclamação “está o dever também de levar cada homem e cada mulher deste mundo a um encontro pessoal com Jesus”. 

Dom Orani considera que hoje, mais do que antes, “devemos nos empenhar para que cada pessoa possa fazer esta experiência do encontro com Deus, o devemos fazer com uma renovada esperança, mesmo nas adversidades de um mundo extremamente secularizado, liberal, ateísta e até cético”. 

“As pessoas devem perceber no sacerdote ‘Aquele’ a quem ele está a serviço: o que chamamos na teologia da configuração com Cristo.”


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Madre Teresa, a freira que desafiou o sistema de castas


Entrevista com o pe. Joseph Babu, porta-voz da Igreja indiana

Há quase cem anos, a 26 de agosto de 1910, nascia em Skopje, na Albânia, Anjeza Gonxhe Bojaxhiu, que viria a ser conhecida como Madre Teresa de Calcutá. Fundadora na Índia da congregação das Missionárias da Caridade, a irmã de pequena estatura dedicou toda sua existência aos marginalizados.

Tinha amigos influentes entre líderes políticos e artistas, mas, acima de tudo, estabeleceu uma ligação muito forte com João Paulo II. A ele, como a outros, pedia por orações e ajuda econômica aos mais pobres: em 1979, laureada com o Prêmio Nobel, recusou o tradicional banquete cerimonial e pediu que a verba que seria gasta fosse destinada aos miseráveis de Calcutá. Naquele dia, lhe perguntaram: “O que podemos fazer para promover a paz no mundo?”. E Teresa respondeu: “Voltem para suas casas e amem suas famílias”.

Nesta entrevista concedida à ZENIT, pe. Joseph Babu, porta-voz da Conferência Episcopal da Índia, fala da herança deixada por esta religiosa.


Bento XVI: Igreja continua sendo jovem

Após ver um filme sobre os primeiros anos do seu pontificado

O Papa Bento XVI afirmou ontem que a Igreja, "ainda que sofrente", não é "uma Igreja envelhecida", mas "jovem e cheia de alegria". 

Assim expressou ontem, após ser-lhe apresentado o filme "Cinco anos do Papa Bento XVI", que narra os primeiros anos do seu pontificado, obra da Bayerischer Rundfunk, a rádio bávara.

Para o Papa, o filme está repleto de momentos "muito comoventes", e indicou em particular o dia da sua eleição como pontífice: o dia "em que o Senhor impôs sobre minhas costas o serviço petrino", afirmou.

O papado é "um peso que ninguém poderia carregar sozinho, só com suas forças; só se pode carregar porque o Senhor o carrega e me carrega".

Bento XVI destacou a ideia dos realizadores do filme de inserir tudo dentro do marco da nona sinfonia de Beethoven, do "Hino da alegria".

"Vimos que a Igreja, também hoje, ainda que sofra tanto, como sabemos, contudo é uma Igreja alegre, não é uma Igreja envelhecida; vemos que a Igreja é jovem e que a fé cria alegria."

Por isso, o hino "expressa como, por trás de toda a história, está a alegria da redenção".

"Também achei maravilhoso o fato de que o filme termina com a visita à Mãe de Deus, que nos ensina a humildade, a obediência e a alegria de que Deus está conosco", acrescentou.

No filme, afirmou o Papa, estão presentes "a riqueza da vida da Igreja, a multiplicidade das culturas, dos carismas, dos diversos dons que vivem na Igreja e como, nesta multiplicidade e grande diversidade, vive sempre a mesma, única Igreja".

Por isso, explicou, "o primado petrino tem esta missão de tornar visível e concreta a unidade, na multiplicidade histórica, concreta, na unidade de presente, passado, futuro e da eternidade".