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sexta-feira, 25 de março de 2011

O santo padre sobre a Anunciação do Senhor

«O Verbo fez-se homem»

[…]

2. Desejamos hoje dar graças a Deus de modo especial pelo dom da salvação, que Cristo trouxe ao mundo com a sua Encarnação: «Et Verbum caro factum est O Verbo fez-se homem». Da contemplação deste mistério todos os crentes podem haurir uma nova energia espiritual para proclamar e testemunhar sem cessar Cristo, nossa única salvação, e servir fielmente o «Evangelho da vida» que ele nos confia.


Face a uma cultura da morte e aos ataques que, infelizmente, se multiplicam contra a vida do homem, nunca falte o empenho de a defender em cada uma das suas fases, desde o primeiro instante da concepção até ao seu fim. Oxalá a humanidade conheça uma renovada primavera da vida no respeito e no acolhimento de cada ser humano, em cujo rosto brilha a imagem de Cristo! Para isto rezamos juntos Àquela que «é uma mensagem de viva consolação para a Igreja na sua luta contra a morte» (Evangelium vitae, 105). […]


Fonte: Angelus - Papa João Paulo II - 25.03.2001

Anunciação do Senhor - Meu aniversário

Na Igreja antiga celebrava-se, pouco antes do Natal, o mistério da Encarnação; a isso se referem ainda os textos litúrgicos do terceiro domingo do Advento. Não foi apenas uma preocupação de exatidão cronológica que contribuiu para fixar a festa da Anunciação nove meses antes do nascimento do Senhor; cálculos eruditos e considerações místicas fixavam igualmente em 25 de março a data da crucifixão de Jesus e da criação do mundo. Deus não entrou no mundo pela força; quis "propor-se". O "sim" da Virgem Maria realiza definitivamente a aliança.

Nela está todo o povo da promessa: o antigo (hebreus) e o novo (a Igreja); "o Senhor está com ela", isto é, Deus é nosso Deus e nós somos para sempre seu povo. As leituras da Liturgia de hoje nos orientam para o mistério da Páscoa. O primeiro, o único "sim" do Filho, que, entrando neste mundo, disse: "Eis que venho para fazer a tua vontade" (Sl 39; Hb 10,4-10); recebe a resposta do Pai, o qual, depois da oferta dolorosa da paixão, selará com a ressurreição, no Espírito, a salvação apresentada a todos através da Igreja.


A Encarnação é também o mistério da colaboração responsável da Santíssima Virgem na salvação recebida como dom. Revela-nos que Deus, para salvarnos, escolheu essa pedagogia, a de passar através do homem: "... e o Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós... e nós vimos sua glória" (Jo 1,14).

Repetindo em cada Santa Missa: "Fazei isto em memória de mim!", o Senhor nos ensina a "darmos" também o nosso corpo e o nosso sangue aos irmãos. Tornamos assim digna de fé a salvação de Deus, encarnando-a também nos pequenos "sim" que todos os dias repetimos, a exemplo da Beatíssima sempre Virgem Maria.

terça-feira, 22 de março de 2011

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Autor: Alphonsus de Guimaraens*


*Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870 e faleceu em Mariana (MG), em 1921. Bacharelou-se em Direito, em 1894, em sua terra natal. Desde seus tempos de estudante colaborava nos jornais “Diário Mercantil”, “Comércio de São Paulo”, “Correio Paulistano”, “O Estado de S. Paulo” e “A Gazeta”.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O delicioso perfume de Emma Bovary

A culpa é mais um dos sentimentos difusos que vão do fígado ao coração, escurecendo nossa visão


Autor: LUIZ FELIPE PONDÉ

DE FATO, uma tragédia no Japão! Mas o povo japonês é um grande povo, estoico, maravilhoso, e vai dar uma lição ao mundo, mais uma vez, de como enfrentar a dureza da vida sem frescuras. Confio nos samurais contra esta bela besta-fera que é a natureza.

Claro que o bloco dos 2012 maníacos pelo fim do mundo vai dizer que a "mãe Terra" (que está mais pra Medeia do que pra Gaia) está nos mandando um recado, mas isso é bobagem, a natureza é cega. Não faço parte dos fanáticos "believers da religião verde". Sou um herege. Os "nature lovers" sabem que câncer é natural?

Sou mais dado a assuntos "menores", do tipo que enche o consultório dos analistas e nossas camas sujas.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Na noite do mundo, homem sente nostalgia de Deus

Começam os “Diálogos na catedral” entre fé e cultura, em São João de Latrão

"O homem busca a Deus, sente nostalgia da sua presença": esta constatação, apoiada por estudos sociológicos dos últimos anos, deu à luz o primeiro encontro de "Diálogos na catedral", compostos por três reuniões propostas pela diocese de Roma, na Basílica de São João de Latrão, com diversos expoentes da cultura.
Sobre a nostalgia de Deus na cultura contemporânea discutiram, em 10 de março, Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, e Pietro Barcellona, ​​da Universidade de Catania.
"O homem contemporâneo - disse o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, apresentando o encontro -, mesmo no drama das situações existenciais, espera conhecer e encontrar não um deus genérico, mas o Deus dos vivos." Sua nostalgia "nasce da desilusão dos deuses, mas também das propostas culturais insatisfatórias da nossa época". Em seu coração, de fato, "existe ainda a esperança viva de ser amado e de ser parte da construção de uma história que se desenvolve ao longo do tempo e continua para além dele".

quarta-feira, 16 de março de 2011

A cruz

Essa proibição cospe na cara de 2.000 anos de história de uma grande parte da humanidade


Autor: Luiz Felipe Pondé 


ANOS ATRÁS, em Paris, o historiador Jacques Le Goff me falava da sua preocupação com o destino da cultura ocidental. Para ele, o Ocidente poderia perder sua identidade como resultado de sua própria produção cultural.
Outros intelectuais também partilhariam de suas inquietações. Entre eles, o antropólogo Lévi-Strauss, morto semana passada. Le Goff se inquietava porque parte das agonias da cultura ocidental teria sido fruto dos "achados" da história e da antropologia e seus frutos, as filosofias e políticas relativistas do século 20.
Fotografo: Kulla Owaki

segunda-feira, 14 de março de 2011

Deus me livre de "Ser Feliz"

Quanto aos meus alunos e aos meus leitores, esses eu nunca penso em deixar felizes, graças a Deus.

LUIZ FELIPE PONDÉ (Folha de São Paulo – 07 março 2011)

DEUS ME livre de ser feliz. Existem coisas mais sérias que a felicidade. Algum sabichão por aí vai dizer, sentindo-se inteligentinho: “Existem várias formas de felicidade!”. E o colunista dirá: “Sou filósofo, cara. Conheço esse blá-blá-blá de que existem vários tipos de felicidade, mas hoje não estou a fim”.
Um bom teste para saber se o que você está aprendendo vale a pena é ver se o conteúdo em questão visa te deixar feliz.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Liturgia deve recuperar um lugar privilegiado na vida cristã

O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Antonio Cañizares, afirmou que se está vivendo "uma situação dramática caracterizada pelo esquecimento de Deus", que exige recuperar para a liturgia o lugar que lhe corresponde na vida dos cristãos.


"Quanta rotina e mediocridade, quanta trivialização e superficialidade nos foram introduzidos!; Quantas missas celebradas de qualquer maneira ou participadas de qualquer disposição!; Daí nossa grande debilidade", expressou o Cardeal no último 25 de fevereiro à revista espanhola Vida Nueva.

Construir a casa sobre a rocha da Palavra do Senhor

Apresenta-se o comentário à liturgia do próximo domingo – IX do Tempo Comum Dt 11, 18; 26-28; 32 - Rm 3, 21-25a; 28 - Mt 7, 21-27 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). 
Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical.   

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM
Leituras: Dt 11, 18; 26-28; 32 - Rm 3, 21-25a; 28 - Mt 7, 21-27

Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática,... construiu sua casa sobre a rocha. Quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática... construiu sua casa sobre a areia” (Mt 7, 24-26).

terça-feira, 1 de março de 2011

Igreja mergulha em longo processo neoconservador


Entrevista especial com João Batista Libanio 

Recentemente, teólogos e teólogas alemães, suíços e austríacos, lançaram um manifesto propondo reformas para a Igreja em 2011. A convite da IHU On-Line, o teólogo João Batista Libanio leu o documento e analisou as propostas, concedendo por e-mail a entrevista a seguir. Resumindo, ele é enfático: “A tônica do projeto do Papa e a do manifesto divergem”.

Com a experiência de quem presenciou “nítidos momentos no processo eclesiástico” da Igreja nas últimas décadas, Libanio ressalta que o manifesto “alude ao fato de que em 2010 ‘tantos cristãos, o que jamais ocorrera antes, deixaram a Igreja e apresentaram à autoridade da Igreja a desistência de sua pertença ou privatizaram sua vida de fé para defendê-la da instituição’”. A constatação do êxodo cristão, entretanto, “não abala a convicção do projeto de manter uma Igreja, embora minoritária, mas fiel aos ensinamentos dogmáticos, morais e à prática disciplinar eclesiástica”, assinala. 

Para ele, Roma reforça a autoridade sobre as igrejas locais porque elas a solicitam. “A geração profética do porte de Dom Helder deixou-nos ou já está envelhecida. E a nova safra eclesiástica revela outro corte”, lamenta.

Libanio também comenta a nomeação de bispos brasileiros para integrarem a Cúria Romana e diz que as atuais nomeações “respondem ao atual perfil de Roma. (...) Isso não vem de nenhum prestígio especial do episcopado brasileiro, como tal, além do peso estatístico”.

*João Batista Libanio é padre jesuíta, escritor e teólogo. É doutor em Teologia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG) de Roma. Atualmente, leciona na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia e é Membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais. É autor de inúmeros livros, dentre os quais Teologia da revelação a partir da Modernidade (5. ed. Rio de Janeiro: Loyola, 2005), Qual o caminho entre o crer e o amar? (2. ed. São Paulo: Paulus, 2005) e Qual o futuro do Cristianismo? (2. ed. São Paulo: Paulus, 2008).