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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pondé e a Educação Sexual em sala de aula


"Leave the kids alone"
LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/05/11

O Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros. Não deve dizer o que é normal
DE FATO existem pessoas racistas. Homofóbicas, antissemitas (que hoje em dia se escondem atrás do antissionismo), que não gostam de pobres e de nordestinos. Pessoas assim barateiam o debate contemporâneo, assim como as que simplificam as trincheiras teóricas em que vivemos nos últimos anos, jogando tudo no mesmo saco do "reacionarismo". Como se o mundo permanecesse nos limites de um "centro acadêmico em guerra contra a repressão da ditadura".

Acho que muita gente tem saudades dos tempos da ditadura porque se sabia onde estava o mal. Será mesmo? Nem tanto. Muita gente ainda não sabe que a luta armada no Brasil foi feita por pessoas que queriam fazer do país uma ditadura de esquerda. Tivessem eles vencido, estaríamos hoje numa grande Cuba.

Mas como seria bom se o mundo fosse simples assim, preto no branco, amigos e inimigos, bons e maus. Não é. Na maior parte do tempo é cinza e confuso.

O debate ao redor do "politicamente (in)correto" incendeia a mídia. Pessoas querendo "mudar" Monteiro Lobato, querendo "curar" gays e "decretar" que não devemos corrigir o português dos pobres porque isso é ruim pra autoestima deles.

Tenho preconceito contra essa gente que vive pensando na "economia da autoestima", sorry...

Tomemos como exemplo o debate sobre a luta pelos "direitos gays".

O STF aprovou a união civil dos homossexuais. Vou mais longe: acho que deveriam ter o direito de se casar também e de ter filhos. E de ir às reuniões chatas de "pais e mestres". E de ficar pobres como os héteros por causa dos filhos. E de descobrir que pouco importa sua "visão de mundo", você estará sempre errado diante de um filho que cresceu.

Acho que quem "bate em gay" deve pagar não porque bateu num gay, mas porque gay é gente como todo mundo. Sou contra leis especiais que protejam gays. Complicado? Sinto muito.

Se um professor interrompe um menino e uma menina que se beijam na sala de aula é ok, mas, se fossem dois meninos, seria "homofobia"?

Hoje os jovens (e todo mundo) têm medo de dizer qualquer coisa que não seja "gay é lindo". Não há nada de revolucionário em ser gay, nem existe uma "comunidade gay". Gays são pessoas atoladas nas mesmas misérias e erros humanos. Neuróticos, como todo mundo, com sofrimentos específicos.

E aí chegamos a uma questão que me parece muito representativa dos equívocos do debate ao redor da "questão gay" (um belo exemplo do fascismo do politicamente correto): o pretenso direito de o Estado querer discutir "a heterossexualidade como normatividade sexual".

Intenções como essas representam a tendência totalitária do Estado moderno em querer se meter em assuntos que não são da sua competência.
O governo não tem que se meter a dizer a ninguém o que é "sexualidade normal". Isso é um crime contra a liberdade. E isso vai acabar "batendo" na sala de aula. E, como ninguém sabe direito o que está fazendo na sala de aula, essa nova "modinha" vai pegar.
Já disse em outras ocasiões que sou contra a tal da educação sexual quando pretende discutir "ideologias sexuais". Como pai, tenho todo o direito de suspeitar da sanidade mental de uma professora de educação sexual, porque em matéria de sexo todo mundo é mal resolvido.

Se as famílias são um lixo e por isso exigem das escolas o que elas não podem dar, as famílias das professoras também são um lixo.
Imaginemos uma aula de educação sexual na qual vá se "questionar a normatividade" (ou normalidade) da heterossexualidade. Como seria uma aula dessas?
Que tal assim? Meninos e meninas colocando com a boca uma camisinha num pênis de plástico para, quem sabe, perceberem que meninos também podem gostar de fazer sexo oral em meninos.

Ninguém tem o direito de fazer isso. Nem pai, nem mãe e muito menos professores que, provavelmente, ao se dedicarem a isso, "provam" suas pequenas taras.
O Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros e mais nada. Não deve se meter a dizer o que é normal. As pessoas têm o direito de sentir o mal estar "que quiserem". E deixem os filhos dos outros em paz.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Situação da Política de Joinville

Parabéns a pessoa que teve a ideia e iniciativa de publicar essa realidade política da cidade de Joinville.

Martinho cabeça-dura

Na saída do vilarejo, tinha três estradas: uma conduzia ao mar, a segunda ia rumo à cidade e a terceira não levava para canto algum. O menino Martinho já tinha perguntado a muitos adultos onde aquela estrada acabava. - Em lugar nenhum - respondia o pessoal - e você tem uma cabeça bem dura para ainda não estar convencido disso! Assim Martinho foi apelidado de “cabeça-dura”. Mas ele não desistia e ficava sempre matutando. Perguntava a si mesmo e aos outros: Como é possível? Quem fez a estrada devia saber onde queria chegar! E insistia: quem já foi lá para ver?

Quando Martinho cresceu e pode se afastar mais de casa, tomou coragem e entrou decidido naquela estrada. “Agora eu vou saber!” repetia consigo mesmo. A estrada levava à mata bem fechada, e ainda dava para continuar. Estava escuro de baixo daquelas árvores, mas Martinho não desistiu. Estava cansado e com vontade de voltar, quando, de repente, apareceu um cachorro. “Se tem cachorro tem gente”, pensou alegre Martinho. Reanimado não mediu esforços e seguiu o cachorro que caminhava à sua frente. Finalmente viu um portão e atrás dele um jardim maravilhoso com um castelo lindo demais. Uma senhora muito bonita o acolheu com um sorriso e lhe disse: - Então, você acreditou! – Conversando, ela foi lhe mostrando a beleza do local e todas as riquezas nele guardadas. – Pode levar o que quiser – disse a bela senhora – Vou lhe dar uma carroça para carregar o que escolher -. Martinho não pensou duas vezes, encheu a carroça com muitas riquezas. Os cavalos já conheciam o caminho e o cachorro colaborava correndo à frente. Rapidamente chegou à praça do vilarejo, descarregou todos os presentes e se despediu do cachorro e dos cavalos, que desapareceram num piscar de olhos. O povo foi chegando. Martinho distribuiu quase tudo o que tinha trazido e teve que contar dezenas de vezes a sua aventura. Nos dias seguintes, muitos prepararam carroças e cavalos e se embrenharam naquela estrada, no entanto todos voltaram de mãos vazias e de cabeça baixa. Aquela estrada não conduzia mesmo a lugar algum. Isso aconteceu porque certos tesouros existem somente para quem acredita neles e abre por primeiro um novo caminho. E o primeiro tinha sido Martinho cabeça-dura.

Sempre gostei desta história, porque ela se parece muito com a nossa vida. Todos temos um caminho único e próprio a percorrer. Podemos ter inúmeros companheiros de viagem, mas somente nós podemos trilhar o caminho da nossa vida. Ainda podemos sair em grupo do mesmo lugar, mas os percursos são diferenciados. O que pode parecer fácil para alguns pode ser muito difícil para outros e vice-versa. Vivendo, cada um abre o seu próprio caminho. Alcançamos objetivos e realizamos projetos diferentes conforme as metas que sonhamos e que nos propomos conseguir com mais ou menos determinação, coragem e disposição. Na experiência de alcançar uma meta sonhada e desejada está a nossa alegria por mais simples e humilde que seja esta meta. Podem ser os pequenos passos de uma criança que aprende a falar e a andar, como os resultados de trabalhos e esforços de uma vida inteira. A tristeza da existência humana é não ter meta nenhuma. Não sonhar com nenhum “tesouro” que valha a pena ser buscado e alcançado. Maior é o bem desejado maiores serão também as dificuldades para alcançá-lo, mas muito maior ainda será a felicidade quando chegarmos lá.

Quem acredita que a vida é um dom do amor de Deus, só deseja encontrá-lo e fazer da sua existência um caminho para conseguir essa meta. Ele é o único tesouro que vale a pena buscar com todas as forças, acreditando e perseverando até o fim. Contudo ninguém alcançaria essa meta tão alta sem a ajuda de quem já sabe e está pronto para nos socorrer. Jesus se oferece para nós como “o caminho, a verdade e a vida” para chegar ao Pai. Cabe a nós liberar o caminho dos entulhos que nos impedem acertar a meta. Para quem acreditar e nunca desistir a alegria será sem comparações. A fé nos pede mesmo uma cabeça bem dura. 

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá

12° Festival de Dança Sacra

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O que é a caridade?

Cito, aqui, alguns textos de Santa Catarina de Sena, cuja substância é comum a todos os santos:

"O que é a caridade? 
É um amor inefável que a alma recebeu do criador com todo o seu afeto e com todas as suas forças. Eu disse que o recebeu do criador. E assim é a verdade (L 113). 
Nesse amor se consome todo umidade do amor próprio de si, e a alma se torna semelhante ao fogo do Espírito Santo (L 228). 
O amor, de fato, transforma e faz do amado e daquele que ama uma coisa só (L 108). 
Tanto que o coração e o afeto de quem ama não seria encontrado nele, mas naquilo que ele ama e no qual pôs seu amor. É tanta a força do amor que daquele que ama e daquele que é amado faz um só coração e um só afeto: porque se houvesse divisão no amor, o amor não seria perfeito (L 101). 
E verdadeiramente a alma que por amor está unida e transformada em Deus, faz como o fogo que consome em si a umidade da lenha: e quando elas estão bem aquecidas as incendeia e as converte de tal modo em si mesmo que dá a elas a mesma cor, calor e força que tem em si mesmo (L 137)."

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Felicidade é coisa simples

Não olhe a tristeza do homem destruindo uma floresta, olhe sim a
beleza de uma flor brotando...
Não sinta a chuva ácida queimar as coisas, sinta o frescor de uma
chuva após um dia quente.
Não imagine a poluição dos mares e nas praias, mas imagine o nado de
um golfinho numa água cristalina.
Não escute o barulho de uma máquina barulhenta, escute sim o canto dos
pássaros em uma floresta...
Muitas pessoas só se lembram das coisas ruins do mundo, das tristezas
que o mundo oferece.
Temos que lembrar que o mundo não é perfeito, mas que existem coisas
perfeitas nele.
Veja a felicidade nas coisas simples, pois a felicidade é simples, não
tente complicar uma coisa simples,
pois a simplicidade é o caminho para a FELICIDADE.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Do batom vermelho no trabalho

O erro das chatinhas é supor que a percepção da beleza feminina implica em excluir a capacidade feminina

Muitas leitoras me perguntam se sou contra a emancipação feminina. Como alguém pode ser contra uma mulher fazer o que quiser da vida e se desenvolver livremente? Ser contra a emancipação feminina é como ser contra aviões ou computadores.

O que leva muitas leitoras a pensarem que sou contra a emancipação feminina é porque não poupo o feminismo de seus excessos teóricos e de sua desmedida negação ideológica dos sofrimentos que a emancipação causou.

Não acredito na afirmação de que a sexualidade seja mero fenômeno social (teoria de gênero na sua versão "hard"), sou darwinista até a última gota de sangue: acho que nossas fêmeas (não apenas elas) carregam sobre suas almas o peso de milhares de anos de adaptação a condições específicas de cada sexo.

Por exemplo, para que serviria um macho chorão e covarde, em meio à savana africana, se escondendo atrás de "sua" fêmea grávida, no momento em que um predador fosse comê-los como janta? Para nada. Provavelmente as mais inteligentes se recusaram a reproduzir com tais frouxos. E elas legaram às suas filhas essa percepção aguda contra o macho fracassado.
Resultado, as fêmeas da espécie não suportam homens pobres, fracassados e deprimidos, mesmo que mintam por aí dizendo o contrário, porque ficou bonitinho mentir para deixar todo mundo feliz.

O pensamento público hoje em dia flerta com o jardim da infância. A mentalidade de classe média (covarde e mesquinha) devora a inteligência viril.
Lembro quando estava na sétima série do então "ensino fundamental", por volta de 1974. Estudava num colégio da elite branca de Salvador. Colégio jesuíta, que só tinha meninos. Naquele ano, os padres colocaram quatro meninas em cada classe. No ano seguinte, mais quatro. No seguinte, a sala estava cheia de meninas, todas lindas, pelo que me lembro. Com seus cabelos longos e cacheados.

Foi uma mudança cósmica. Novas hierarquias foram criadas. Os hábitos mudaram, passamos a brigar menos no recreio, não só o futebol contava, mas também com quem as meninas falavam. Quem comia o lanche com uma delas estava no paraíso.

Quem ganhava um sorriso de uma delas virava celebridade. Grande parte dos meninos morria de medo de falar com elas. Chegar perto era um ato heroico porque a indiferença era como a morte.
Os grupos de trabalho em classe disputavam cada uma delas. Grupos só de meninos eram a assinatura do fracasso.

É assim que vejo a emancipação feminina: um presente para nosso cotidiano, na escola, no trabalho, nos aeroportos, nos congressos, nas ruas. Com suas saias, calças justas, saltos altos, batons vermelhos, elas pintam nosso cotidiano com o desejo. E, com o desejo, o clássico inferno da insegurança de cada um de nós.

Imagino o horror que era trabalhar numa universidade onde todo o corpo docente fosse apenas de homens e as classes fossem cheias de rapazes. Que tédio.

Ou uma empresa onde apenas homens trabalhassem. Como seria uma reunião sem uma colega de pernas lindas resolvendo problemas sérios com um toque de charme inigualável?
Claro, as mais chatinhas me acusarão de machista quando pareço "defender" a emancipação feminina porque gosto de ver o mundo do trabalho cheio de saias curtas e batons vermelhos. Podem achar, não ligo para o que elas pensam. Dirão que sou um egoísta. Será culpa da minha mãe?

O erro das mais chatinhas está em supor que a percepção da beleza feminina implica em exclusão da percepção da capacidade feminina. Não, a beleza feminina torna a parceria com as mulheres no trabalho um oásis em meio ao deserto da violência profissional cotidiana.

Outro erro é não perceber o escopo da beleza feminina no cotidiano do trabalho. A beleza feminina inclui uma série de fatores que vai do corpo à voz doce ao dizer "bom dia", das ancas à forma sutil com que elas enxergam coisas para as quais os homens são cegos, surdos e mudos, da "intuição feminina" ao erótico de ter "um chefe" mulher.
A vida sem Eros é uma vida menor. Um mundo só de homens é em branco e preto. Prefiro o batom vermelho na boca à burca no corpo.