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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Igreja Santa e Pecadora?

Essa afirmação decorre de um trecho da Constituição Apostólica Lumen Gentium que afirma que "a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação."(1)

Esse trecho da Lumen Gentium é motivo de grande controvérsia. Distorcido pelos modernistas que o interpretam de forma a justificar a dessacralização da Igreja e atacado pelos tradicionalistas que vêem aí um erro flagrante de doutrina, uma aparente contradição com o texto de Efésios 5, 26-27: " Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível."

Trata-se de compreender aqui que a afirmação não pode ser tratada fora do contexto da explanação do "ser Igreja" exposta em toda a Lumen Gentium. A afirmação converge com pontos doutrinais ressaltados por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.

Santo Agostinho afirma:
"A Igreja no seu conjunto afirma: Perdoai-nos os nossos pecados! Ela, portanto, tem manchas e rugas. Mas, mediante a confissão as rugas são removidas, mediante a confissão as manchas são lavadas. A Igreja está em oração para ser purificada pela confissão, e enquanto os homens viverem na terra isto será assim."(2)

E São Tomás de Aquino afirma a índole escatológica da afirmação de que a Igreja é sem mancha nem mácula: "Que a Igreja seja gloriosa, sem mácula nem ruga, é o objectivo final para o qual tendemos em virtude da paixão de Cristo. Isto apenas existirá, no entanto, na pátria eterna, e não já na peregrinação; aqui […] enganar-nos-íamos se disséssemos não ter qualquer pecado."(3)

Não queremos afirmar aqui que também Santo Agostinho e São Tomás de Aquino incorreram em um erro doutrinal, nem tampouco afirmar que eles dessacralizam a Igreja. De fato, não se pode considerar as afirmações fora do contexto teológico e baseado em uma profunda exegese - basta observar bem que o texto da LG não utiliza o termo pecadora, mas se expressa de modo a ressaltar esse fenômeno de renovação contínua que explicita a ação sacramental na vida da Igreja.

Ora, temos mesmo que afirmar que a Igreja é Santa e imaculada. Mas é santa pela mediação de Cristo, que a purifica "com água e pela palavra". Essa purificação é feita continuamente através dos Sacramentos, em particular o sacramento da confissão. Um Documento importantíssimo para compreender essa realidade é o"Memória e Reconciliação: a Igreja e os erros do passado"

"Do ponto de vista teológico, o Vaticano II distingue entre a indefectível fidelidade da Igreja e as fraquezas dos seus membros, clérigos ou leigos, ontem como hoje (GS 43 §6), e, portanto, entre ela, Esposa de Cristo "sem mancha nem ruga […] santa e imaculada" (cf. Ef 5,27), e os seus filhos, pecadores redimidos, chamados à permanente metanoia, à renovação no Espírito Santo. "A Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação" (LG 8)"(4)

Eu sei que minha resposta está incompleta, mas acredito que a leitura da Lumen Gentium tanto como a carta da Comissão Teológica Internacional irão ajudar a aclarar os fatos.

(1) - Const. Dogmática Lumen Gentium c.1, 8.
(2) - Sermo 181,5,7: PL 38, 982
(3) - Summa Theologica III q.8 a.3 ad 2.
(4) - Comissão Teológica Internacional - Memória e Reconciliação: A Igreja e as culpas do passado. 1: 1.2.
da Comissão Teológica Internacional. Recomendo que o texto seja lido em sua íntegra, assim como da mesma forma seja lida e compreendida a Lumen Gentium.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dom Luciano, especial dom de Deus

Margarida Drumond de Assis

A comunidade latino-americana e caribenha partícipe do Mutirão da Comunicação terá o privilégio de viver a alegria do lançamento de Dom Luciano, especial dom de Deus, documentário biográfico da escritora Margarida Drumond de Assis. Será no dia 5 de fevereiro de 2010, às 20h, na PUCRS, na solenidade da premiação da CNBB e OCLACC.

Em Dom Luciano, especial dom de Deus, o leitor conhecerá a vida e obra de Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, e, paralelamente, a caminhada da Igreja, ao tempo do arcebispo, desde 1947 – sua entrada na Companhia de Jesus – a 2008, data do segundo aniversário de seu falecimento. Nesse intuito, a autora pesquisou nas regiões de atuação de Dom Luciano, começando pela Região Episcopal Belém – São Paulo; Brasília, focalizando os seus dezesseis anos na Conferência Nacional, como Secretário Geral e Presidente; e Arquidiocese de Mariana, Minas Gerais. Também Bogotá, na Colômbia, e Roma, Florença e Turim, na Itália, mereceram atenção da autora, com pesquisas in loco, o que permite a inserção do leitor no conhecimento das atividades de Dom Luciano como Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e sua presença marcante e imprescindível nas Conferências Gerais; sua atuação no Pontifício Colégio Pio Brasileiro; nos onze Sínodos dos Bispos; atuação pastoral na Itália, notadamente junto aos pobres e encarcerados.

Conforme expressou o presidente da CNBB e Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, na Apresentação da obra, “Dom Luciano deixou-nos o testemunho de uma vida dedicada a Deus e à Igreja (….). Homem culto, de inteligência privilegiada, de memória prodigiosa, de extraordinária capacidade de trabalho, de fé sólida e espiritualidade profunda, foi ornado por Deus com muitas virtudes, grandes qualidades e admiráveis carismas (…)”. Bem escreveu o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, no Prefácio: “Tem significado especial que esta obra seja publicada no contexto do Ano Sacerdotal, desejado e proclamado pelo papa Bento XVI para promover uma nova valorização do sacerdócio na Igreja (…)”.

É no seu jeito de romancista e poeta que Margarida, por meio de suas pesquisas e de depoimentos de membros do clero, leigos e mesmo de pessoas assistidas por Dom Luciano, “mostra que Dom Luciano nunca deixou de ser uma pessoa simples e de ter uma atenção carinhosa por toda pessoa que dele se aproximasse.(….) Por isso, muitos o recordam como o irmão e pastor, o homem de Deus, o fiel servidor da Igreja, profeta da esperança, pai, amigo dos pobres, defensor da vida e da dignidade humana, uma pessoa única”.

Outros livros de Margarida Drumond de Assis: os romances Aconteceu no cárcere, Tempo de saudade, Um conflito no amor, Pegadas no tempo e No acerto dos bondes; o ensaio Preito a José de Alencar; de poesias Busca de você, Além dos versos e De novo o amor; de crônicas Não dá pra esquecer e Isso, aquilo e mais um pouco; o documentário biográfico, Padre Antônio de Urucânia, a sua bênção; e Aconteceu no cárcere – roteiro cinematográfico.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Campanha da Fraternidade 2010

A Campanha de Fraternidade Ecumênica visa a fortalecer os laços de fraternidade e de cooperação do povo cristão a serviço da transformação da sociedade brasileira para que seja mais justa e solidária”. A afirmação é do presidente do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), pastor luterano Carlos Möller, ao abrir ontem, 10, o ato de lançamento do material da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, que abordará o tema “Economia e Vida”. O evento aconteceu no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Além de religiosos das cinco Igrejas que compõem o Conic, o ato contou com a presença da senadora Mariana Silva, do economista Paul Singer e do subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, além de turistas que visitavam o local. Um grupo que trabalha com a economia solidária, em Duque de Caxias (RJ), veio especialmente para o evento, carregando uma faixa de apoio à Campanha da Fraternidade do ano que vem.
“O Conic não quer criticar os sistemas econômicos, mas espera que a Campanha da Fraternidade mobilize as Igrejas e a sociedade para dar respostas concretas às necessidades básicas da pessoa humana e à salvaguarda da natureza”, disse o secretário geral do Conic, reverendo Luiz Alberto Barbosa, um dos coordenadores da próxima Campanha da Fraternidade que, pela terceira vez, será ecumênica. “É preciso educar a sociedade afirmando que um novo modelo econômico é possível e denunciar as distorções da realidade econômica existente para que a economia esteja a serviço da vida”, completou o reverendo.
“Eu sonhava com a Campanha da Fraternidade sobre economia e vida. Este sonho está se realizando neste momento”, disse o economista Paul Singer, um dos convidados para o evento. Singer criticou a economia capitalista “que não gera vida” e “que não realiza justiça”. “Antes eu queria que o capitalismo fosse destruído. Agora penso que ele precisa ser superado”, disse o economista. “O amor deve entrar na discussão da economia. Além de água e alimento, carecemos de ser amados”, acentuou. Para o economista, não existe apenas uma economia, mas “economias”.
A ex-ministra e senadora, Marina Silva, destacou que a economia deve ser vista na perspectiva da solidariedade que implica uma “nova forma de nos relacionarmos com os outros e com a natureza”. Ela condenou o pragmatismo que tem tirado dos jovens o direito de sonhar. “O pragmatismo tem destruído a natureza, as relações políticas e tem levado os jovens a não sonhar e a não querer transformar o mundo”, disse Marina
Segundo a ex-ministra, é necessário pensar a economia como fonte de vida. “Precisamos mudar a nossa forma de produzir, de consumir e de nos relacionarmos com a natureza”, disse.
Já o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, entende que a próxima CF será dirigia “aos que têm fome de pão e sede de justiça”. “O material (da CF) servirá a todas as pessoas, escolas, sindicatos, mídia e Igrejas. Ajudará para que as pessoas pensem: a economia (que temos) serve para atender às necessidades das pessoas ou para oprimi-las”, sublinhou.
A Campanha da Fraternidade de 2010 só começará na quarta-feira de Cinzas, dia 17 de fevereiro. O material é lançado com antecedência para que as lideranças se capacitem a fim de levar o debate às comunidades. O lema que vai animar as discussões desta Campanha é extraído do evangelho de São Mateus: “Vocês nãopodem servir a Deus e ao dinheiro”.

A principal publicação sobre o conteúdo da CF é o texto base, um livro de 80 páginas, escrito com a participação de peritos em economia. “O sistema econômico deve visar o bem comum. Recebemos os bens para a vida e não a vida para a riqueza”, disse o reverendo Luiz Alberto. Um kit com todo o material foi entregue aos participantes do evento, inclusive à imprensa. Publicado pelas Edições CNBB, o material estará disponível nas livrarias católicas na próxima semana.

A cerimônia no Cristo Redentor foi encerrada com uma oração ecumênica presidida pelo secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, e pelos pastores das outras Igrejas presentes ao ato.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Deserto humano Papa Bento XVI: Coragem, não tenham medo do deserto da vida

Deserto humano Papa Bento XVI: Coragem, não tenham medo do deserto da vida 06.09.2009 – Bento XVI realizou, neste domingo, sua visita pastoral às cidades italianas de Viterbo e Bagnoregio, localizadas na região do Lácio. O pontífice partiu de Castel Gandolfo e chegou às 9h locais ao Campo Esportivo Municipal “Rocchi”, em Viterbo. Na esplanada do Vale Faul, local onde foi realizada a santa missa, o papa saudou o bispo de Viterbo, Dom Lorenzo Chiarinelli, as autoridades civis e militares, os representantes do governo, o prefeito da cidade e todos os fiéis ali presentes. Em sua homilia, o pontífice sublinhou que na primeira leitura o profeta Isaías encoraja os corações desanimados e diz que quando o Senhor está presente se abrem os olhos do cego e os ouvidos do surdo, o coxo pula como um cervo. “Tudo renasce e tudo revive porque águas benéficas irrigam o deserto”. O deserto em sua linguagem simbólica se refere aos eventos dramáticos, às situações difíceis e a solidão que sempre marca a vida do ser humano. E o papa ressaltou: “O deserto mais profundo é o coração humano, quando ele perde a capacidade de ouvir, de falar, de se comunicar com Deus e com os outros. Torna-se cego porque incapaz de ver a realidade; fecham-se os ouvidos para não ouvir o grito que implora ajuda; se endurece o coração na indiferença e no egoísmo. Mas agora – anuncia o Profeta – tudo é destinado à mudança; a terra árida será irrigada por uma nova linfa divina. E quando o Senhor vem, fala com autoridade, aos desanimados de coração, de todos os tempos: “Coragem, não tenham medo”! Já no Evangelho de Marcos, Jesus dizendo “Efatá”, ou seja, “Abre-te”, cura um homem surdo que falava com dificuldade. Bento XVI disse que vemos neste sinal o “ardente desejo de Jesus em vencer no homem a solidão e a incomunicabilidade criadas pelo egoísmo, a fim de dar fisionomia a uma nova humanidade, a humanidade de escuta e da palavra, do diálogo, da comunicação, da comunhão. Uma humanidade boa, como boa é toda a criação de Deus; uma humanidade sem discriminação e sem exclusão”. O Santo Padre exortou a Igreja em Viterbo a abrir seu coração à Palavra de Deus, a ter coragem de anunciar o Evangelho, a seguir o itinerário de salvação e a nutrir-se dos sacramentos, que congrega todos os cristãos. Ele ressaltou a importância de investir na “educação para a fé, como busca, como iniciação cristã, como vida em Cristo e a esta experiência são convidadas as paróquias, as escolas, as famílias, as várias associações, os catequistas e todos os educadores”. Bento XVI citou como modelos a serem seguidos alguns santos de da província de Viterbo, considerados autênticos pioneiros na educação como Santa Rosa Venerini, São Boaventura de Bagnoregio, Santa Lúcia Filipini, Santa Jacinta Marescotti, beata Gabriela Sagheddu, Domingos Bárberi, entre outros. Junto com a educação para a fé, o papa ressaltou também a importância do testemunho de fé, que se torna operosa por meio da caridade. Nesta perspectiva as obras da Igreja se tornam sinais da fé e do amor de Deus, que é Amor – como recorda o papa em suas encíclicas Deus caritas est e Caritas in veritate. O Santo Padre exortou os fiéis de Viterbo a prestarem atenção aos sinais de Deus, pois ele continua nos revelando hoje o seu projeto através de eventos e palavras. “Ouvir a sua Palavra e discernir os seus sinais deve ser o empenho de cada cristão e de toda comunidade” – frisou o papa, que acrescentou: “Fiéis leigos, jovens e famílias, não tenham medo de viver e testemunhar a fé nos vários ambientes da sociedade, nas múltiplas situações da existência humana. E isto, Viterbo soube expressar com pessoas de prestígio. Passam as estações da história, mudam os contextos sociais, mas não muda e não sai de moda a vocação dos cristãos a viver o Evangelho na solidariedade com a família humana. Nisso consiste o empenho social, o serviço próprio da ação política, o desenvolvimento humano integral”. O papa exortou a Igreja em Viterbo a não ter medo e a confiar em Cristo, quando o coração se desanimar no deserto da vida e finalizou sua homilia pedindo a intercessão de todos os santos daquela região e de Nossa Senhora do Carvalho, padroeira da diocese de Viterbo, a fim de que os fiéis tenham o desejo de proclamar, com palavras e ações, a presença e o amor de Cristo. (MJ) Fonte: Rádio Vaticano PS. Vejam que o Santo Padre se refere ao deserto do coração humano. Isso se refere a passagem do Apocalipse: a mulher foi levada para o deserto, por 1260 dias… Ou seja: exatamente os dias que estamos vivendo. O Papa sabe das coisas. Fonte: Recados do Aarão

A Igreja necessita dos meios de comunicação, diz Dom Orani A Igreja necessita dos meios de comunicação, diz Dom Orani

O Brasil é, hoje, um dos países com o maior número de TVs de inspiração católica. E para melhor articular estas mídias e alcançar a unidade, a Comissão Episcopal de Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação da CNBB promoveu mais uma reunião entre as emissoras, na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP), nesta terça-feira, 15.

O presidente da Comissão e Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, destacou como a Igreja necessita hoje dos meios de comunicação para a evangelização e para comunicar a Palavra de Deus. “Jesus Cristo é o comunicador do Pai e nos enviou enquanto Igreja para comunicar, então o processo de comunicação é essencial”, enfatizou o arcebispo.

“Cada mídia tem o seu direcionamento e visa públicos diferentes e é nessa diversidade que temos a riqueza. E a unidade vem pela própria fé e pela articulação com essas reuniões”. Com esta afirmação, Dom Orani, explica o sentido deste encontro de organizar e promover uma maior articulação entre as emissoras de inspiração católica.

Após presidir a Santa Missa que antecedeu a reunião, o Arcebispo do Rio de Janeiro acolheu os representantes das TVs Canção Nova, Século XXI, Nazaré, Horizonte, Rede Vida e Aparecida e ressaltou que uma das propostas da Comissão é organizar a Signis Brasil. A entidade tem como objetivo congregar todas as mídias de inspiração católica e será filiada à Signis internacional (Associação Católica Mundial para a Comunicação), que é vinculada ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais. “Estamos trabalhando para que aconteça a Signis Brasil e vai ter parceria com o setor Comunicação da CNBB. É uma maneira de organizar porque a mídia católica tem o direito de se organizar e formar sua própria entidade”, afirmou o presidente da Comissão Episcopal.

Além das pautas tratadas na reunião, como as novas tecnologias e a Liturgia das Missas para as transmissões pelas TVs, a jornalista e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Viviane Medeiros, falou sobre o jornalismo nos meios católicos, destacando que estas mídias podem também abranger um público mais amplo e tratar de temas de prestação de serviço.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Padre é todo de Cristo e da Igreja

“O Sacerdote deve ser inteiramente de Cristo e também da Igreja, á qual é chamado a dedicar–se com amor indiviso, como um esposo é fiel em relação a sua esposa”, afirma o Papa Bento XVI.

O Papa Bento XVI pergunta: qual é a finalidade do ANO SACERDOTAL? Ele mesmo responde: “(...) ele pretende contribuir para promover o compromisso de renovação interior de todos os sacerdotes, para um testemunho evangélico mais forte e incisivo no mundo de hoje”, (L’OS SEVATORE ROMANO, 04 de julho de 2009).

O padre é um homem escolhido pelo Senhor Deus com uma vocação para viver o dom do celibato, o desapego das coisas materiais e a obediência a seus superiores.

O padre deixe tudo pelo Reino de Deus. Esta preparando para levar a Boa Nova de Jesus Cristo a qualquer parte do mundo.

A missão da Igreja é messionar e o padre é um fiel missionário. A consciência missionária do sacerdote é imensurável. Fiel a Igreja de Cristo, o padre executa com fidelidade a sua missão de mensageiro da paz, da justiça e da verdade da salvação eterna.

O Padre é todo de Cristo, todo da Igreja e inteiramente fiel ao Evangelho do Reino de Deus. Seu compromisso é pregar todo o conselho de Deus (Atos 20,27). Anunciar a palavra da verdade em qualquer oportunidade (2 Tm 4,1-3). Ser amigo fiel de Cristo até a morte (Mt 25,21; Jo 15, 14.15).

Todo trabalho do sacerdote é coroado com o seu testemunho de santidade. A vida santa de um sacerdote é a maior pregação do evangelho. A principal via para o sacerdote ser respeitado e amado é a da santidade.

A perfeita vontade do bom Pai Celestial é a santificação de seus filhos (ler Mt 5,48; Rm 12,1.2; 1 Ts 4,3.4).

O excelente testemunho do padre faz da Igreja santuário de vida faz a Igreja cair na graça e no amor do povo e prepara os corações para ser tronos do Reis Jesus.

O filosofo grego Platão afirmou: “Que a beleza é tudo”. Podemos afirmar que a santidade é tudo para o sacerdote. Daí, o sacerdote deve manter uma vida plena de oração e a comunidade muito mais por ele.

A GRAÇA DO ANO SACERDOTAL

O Cardeal Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, explicou as razões desse Ano Sacerdotal. Transcrevo, a seguir, algumas passagens de sua Carta.

O Ano Sacerdotal (...) esta ás portas. “(...) Queremos empenhar-nos com determinação, profundamente e fervor, a fim de que seja um ano amplamente celebrado em todo o mundo, nas dioceses, nas paróquias e em cada comunidade local, como envolvimento caloroso do nosso povo católico, que sem dúvida ama seus padres e os quer ver feliz, santos e alegres no trabalho apostólico quotidiano”.

“Deverá ser um ano positivo e propositivo, em que a Igreja dirá antes de tudo aos sacerdotes, mas também, a todos os cristãos e á sociedade mundial (...) que ela se orgulha de seus sacerdotes, os ama, os venera, os admira e reconhece com gratidão seu trabalho pastoral e seu testemunho de vida. Realmente, os sacerdotes são importantes não só pelo que fazem, mas também pelo que são. Este ano seja também ocasião para (...) um ano de oração dos sacerdotes, com eles e por eles, um ano de renovação da espiritualidade do presbitério e de cada presbítero. A adoração eucarística pela santificação dos sacerdotes e a maternidade espiritual de monjas, religiosa consagradas e de leigas referente a sacerdotes, como já proposto, tempos atrás, pela Congregação para o Clero, poderiam ser desenvolvidas com frutos reais de santificação”.

CONCLUSÃO

Com a graça do Ano Sacerdotal, vamos realizar em prol dos nossos sacerdotes atividades para o enriquecimento do seu Santo Ministério.

Que o Divino Espírito Santo inspire cada comunidade para ajudar gloriosamente a vida sacerdotal do seu padre em todos os sentidos.

O Padroeiro dos sacerdotes, o Santo Cura d’Ars, disse: “O sacerdote, depois de Deus é tudo”. “Oh! Como é grande o sacerdote! Somente no céu havemos de compreender a sua dignidade. Se a compreendêssemos na terra, morreríamos não de temor mais sim de amor”.

Oremos sem cessar pelos sacerdotes.

“Deus e Senhor nosso, protegei a vossa Igreja, dai-lhe santos pastores e dignos ministros”.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Papa aos sacerdotes: vocação de ser “outro Cristo”

Propõe o Santo Cura d’Ars como modelo

O sacerdócio não é meramente um “serviço” aos demais; o centro de uma vocação sacerdotal é a configuração da própria pessoa com Cristo, afirma Bento XVI.

O Papa dedicou a tradicional catequese de quarta-feira a aprofundar no significado do recém-inaugurado Ano Sacerdotal, com o qual se comemora o 150º aniversário da morte do Santo Cura d’Ars.

“Este novo ano jubilar nos convida a olhar um pobre agricultor convertido em humilde pároco, que realizou seu serviço pastoral em um pequeno povoado”, explicou o Papa aos presentes.

“Por que um Ano Sacerdotal? Por que precisamente na recordação do santo cura d’Ars, que aparentemente não fez nada de extraordinário?”, perguntou.

Para Bento XVI, não é “casual” que o encerramento do Ano Paulino tenha coincidido com o começo do Ano Sacerdotal. Dois santos, Paulo e João Maria Vianney, que “se diferenciam muito pelos trajetos de vida que os caracterizaram”.

No entanto, “algo fundamental os une: sua total identificação com seu próprio ministério, sua comunhão com Cristo que fazia Paulo dizer: ‘Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim’. Já São João Maria Vianney gostava de repetir: ‘Se tivéssemos fé, veríamos Deus escondido no sacerdote como uma luz atrás do cristal, como o vinho mesclado com a água’”.

O Papa explicou que hoje é difícil viver o ministério sacerdotal “num mundo em que a visão comum da vida compreende cada vez menos o sagrado, em cujo lugar o ‘funcional’ converte-se na única categoria decisiva, a concepção católica do sacerdócio poderia correr o risco de perder sua consideração natural, inclusive dentro da consciência eclesial”.

“Não é casual que tanto nos ambientes teológicos como também na prática pastoral concreta e de formação do clero, contrastam-se, e inclusive se opõem, duas concepções diferentes do sacerdócio”, uma “social-funcional” e outra “sacramental-ontológica”.

A primeira “define a essência do sacerdócio com o conceito do ‘serviço’: o serviço à comunidade, na realização de um função...”, enquanto a outra “não nega o caráter de serviço do sacerdócio, mas que o vê ligado ao ser do ministro e considera que este ser está determinado por um dom concedido pelo Senhor através da mediação da Igreja, cujo nome é sacramento”.

Na realidade, esclareceu, “não se trata de duas concepções contrapostas, e a tensão que contudo existe entre elas deve-se resolver a partir de dentro”.

“O sacerdote é servo de Cristo, no sentido de que sua existência, configurada ontologicamente com Cristo, assume um caráter essencialmente relacional: ele está em Cristo, para Cristo e com Cristo ao serviço dos homens.”

“Precisamente porque pertence a Cristo, o sacerdote está radicalmente ao serviço dos homens: é ministro de sua salvação, de sua felicidade, de sua autêntica libertação”, assinalou o Papa.

A respeito do “ministério da palavra” próprio dos sacerdotes, esclareceu que “a pregação cristã não proclama “palavras”, mas a Palavra, e o anúncio coincide com a própria pessoa de Cristo, ontologicamente aberta à relação com o Pai e obediente a sua vontade”.

“Um autêntico serviço à Palavra requer por parte do sacerdote que tenda a uma abnegação profunda de si mesmo”, acrescentou. “O presbítero não pode considerar-se ‘amo’ da palavra, mas servo”.

Isso “não constitui para o sacerdote um mero aspecto funcional. Ao contrário, pressupõe um substancial “perder-se” em Cristo, participando em seu ministério de morte e de ressurreição com todo o próprio eu: inteligência, liberdade, vontade e oferecimento dos próprios corpos, como sacrifício vivo”, afirmou.

O Papa expressou seu desejo de que o Ano Sacerdotal favoreça “o fortalecimento de cada presbítero até a perfeição espiritual da qual depende sobretudo a eficácia de seu ministério”.

Trata-se de “ajudar os sacerdotes e, com eles, todo o Povo de Deus, a redescobrir e revigorar a consciência do extraordinário e indispensável dom da Graça que o ministério ordinário representa para quem o recebeu, para toda Igreja e para o mundo, que, sem a presença real de Cristo, estaria perdido”.

(Inma Álvarez)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Chamou-nos a servir

"E chamou os que Ele quis" (Marcos 3,13). Todo o chamado é única e exclusivamente de iniciativa divina, sendo assim, toda a resposta é um ato de fé do ser humano, que recebe esse chamado. "Foi pela fé que Abraão, obedecendo o apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. Partiu não sabendo para onde ia." (Hebreus 11,8). A vocação tem um sentido último, a vida eterna (céu), somos amados e desejados por Deus desde toda a eternidade, nossa vida e missão aqui já é uma antecipação daquilo que seremos chamados a viver na eternidade. E Deus tem uma maneira peculiar de chamar a cada uma de nós, uns à vida presbiteral, outros à vida religiosa e outros ainda para a vida matrimonial e laical. Basta-nos, a partir do batismo que recebemos, assumirmos a vocação de filhos de Deus que nos foi confiada.
E cada pessoa tem essa responsabilidade de como cristão batizado interceder junto a Deus para que o nosso discernimento enquanto vocacionados a caminho do bom Pastor seja pela vontade de Deus. Pois, “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4,13).


Daniel Fagundes Junior
1º Ano de Filosofia
SEFISC- Seminário Filosófico de Santa Catarina.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Padre Fábio de Mello fala do celibato

Há pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar. Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família. Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar.

Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade
interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa
ao contexto do "pode ou não pode". A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar,
não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim
a possibilidade de ser daqueles que precisam de minha presença.

Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo. Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou a ser padre, e, quando escolhi sê-lo, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas
as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos.
É questão de maturidade. Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só.

Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz
sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas
para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento.
Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas.
Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia.
Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que
minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração.
Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que
poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente
ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar
em "propriedade privada". Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.

Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso.
Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo. Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras nem olhares. Não descobriram a beleza dos
detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo de mais, mas amaram de menos.
Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.

É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose
ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os
casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre
– É de livre e espontânea vontade que o fazeis?
– É simples.

Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto
mais sincero de nossas predileções.

(Pe. Fabio de Melo)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Feliz é o teu dia, Mãe, modelo a exemplo de Maria!

Com Maria-Mulher-Esposa-Mãe aprendemos a ser verdadeiros discípulos, alegres na esperança e firmes na fé. Parabenizo todas as mães pelo seu dia, nesse final de semana (dia 10/05). "Ave Maria cheia de graças, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre,Jesus."

terça-feira, 24 de março de 2009

Ecce ancilla Domini, regra de vida de Maria

O abandono a Deus e à vontade divina é também a regra de vida de Maria e nós vemo-la na perturbação e na dúvida fixar-se nesta disposição: "Eis a serva do Senhor, que me seja feito como Vós quereis". Estas palavras exprimem o abandono, a docilidade à graça, a conformidade à vontade divina, o sacrifício e a imolação.

Com esta resposta, pelo seu consentimento, Maria aceitava a dignidade e a honra da maternidade divina, mas ao mesmo tempo também os sofrimentos, os sacrifícios que a ela estavam ligados. Declarava-se pronta a cumprir a vontade de Deus em tudo como seu serva.

Era como um voto de vítima e de abandono. Esta disposição é a mais perfeita, é a fonte dos maiores méritos e das melhores graças. Maria proclamou-o ela mesma no seu Magnificat: a minha alma louva o Senhor, porque olhou com favor a humildade da sua serva. - Deus teve complacência nesta disposição de Maria. Ela acrescentava: Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada.
Durante a sua vida mortal, poucas pessoas a disseram bem-aventurada, excepto Isabel e aquela mulher que ergueu a voz no meio do povo, e à qual Jesus respondeu: Bem-aventurados são aqueles que escutam a minha palavra e que a praticam.

A felicidade de Maria durante a sua vida mortal era o sacrifício com Jesus, por Jesus e pelas almas. Ela não era, tal como o seu Filho, senão um objecto de desprezo, de humilhação e de ignomínia por parte dos inimigos de Deus. Para aqueles que estavam bem dispostos, ela era um objecto de compaixão e de piedade. O Ecce ancilla era a disposição do seu coração em todos os sacrifícios que teve de fazer: quando da Apresentação no Templo, quando ofereceu o seu Filho em sacrifício e escutou a profecia do velho Simeão; na fuga para o Egipto e assim sucessivamente, em tudo e sempre, até aos pés da cruz do seu Filho moribundo. Do mesmo modo para o resto da sua vida, ela consentiu em ser a mãe da Igreja nova fundada no sangue do seu Filho.

A sua graça e os seus méritos aumentavam sempre pela sua fiel cooperação, pela sua pureza, pelo santo e perfeito amor com o qual ela cumpria a sua missão que se tornara a sua.

Meus 19 anos... Agradeço a Deus na Festa da Anunciação

Mãe,
hoje quero agradecer-Te o teu Sim,
à vontade do Pai.
Guia-me Mãe,
ensina-me a também dizer sim,
à vontade do Senhor,
e a servir em humildade,
na construção do Reino de Deus.
Amem.

Obrigado por mais essa oportunidade de estar mais um ano a teu serviço e a tua vontade.

"Tudo posso naquele que me fortalece" Fl 4,13.

segunda-feira, 23 de março de 2009

«A VIDA SÓ PODE VALER SE TIVERDES A CORAGEM DA AVENTURA», DIZ PAPA À JUVENTUDE

«Quando o jovem não se decide, corre o risco de ficar uma eterna criança»


Bento XVI alentou neste sábado os jovens a não terem medo das decisões definitivas, chamando-os à «coragem da aventura», com «a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos».

Foi durante o encontro que manteve à tarde com a juventude angolana no Estádio dos Coqueiros de Luanda, em mais um momento especial de sua peregrinação à África.

O pontífice reconheceu que «a cultura social predominante não vos ajuda a viver nem a Palavra de Jesus nem o dom de vós mesmos a que Ele vos convida segundo o desígnio do Pai».

«Queridos amigos –prosseguiu o pontífice–, a força está dentro de vós, como o estava em Jesus».

«Por isso, não tenhais medo de tomar decisões definitivas. Generosidade não vos falta – eu sei! –, mas, perante o risco de se comprometer para uma vida inteira quer no matrimônio quer numa vida de especial consagração, sentis medo».

O Papa citou algumas perguntas que assaltam os jovens nos momentos de dúvida: «o mundo vive em contínuo movimento e a vida está cheia de possibilidades. Poderei eu dispor agora da minha vida inteira, ignorando os imprevistos que me reserva? Não será que eu, com uma decisão definitiva, jogo a minha liberdade e me prendo com as minhas próprias mãos?»

Segundo o pontífice, essas dúvidas são avivadas pela «atual cultura individualista e hedonista». «Mas quando o jovem não se decide, corre o risco de ficar uma eterna criança», afirmou.

«Eu digo-vos: Coragem! Ousai decisões definitivas, porque na verdade são as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe criam a justa direção, possibilitando seguir em frente e alcançar algo de grande na vida.»

O Papa afirmou, chamando muitas vezes os jovens de «meus amigos», que «a vida só pode valer se tiverdes a coragem da aventura, a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos».

terça-feira, 17 de março de 2009

PAPA CONVOCA «ANO SACERDOTAL» PARA PRÓXIMO 19 DE JUNHO

O Papa convocou um Ano Sacerdotal, por ocasião do 150º aniversário da morte do santo Cura de Ars, a quem proclamará como padroeiro de todos os sacerdotes do mundo, segundo deu hoje a conhecer a Santa Sé em um comunicado. 

O Papa fez este anúncio durante a audiência concedida aos participantes da Plenária da Congregação para o Clero, e esta o divulgou posteriormente em um comunicado, no qual detalha algumas das iniciativas postas em andamento por ocasião deste ano jubilar sacerdotal. 

O tema escolhido para o Ano Sacerdotal é o de «Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote». Está previsto que o Papa o abra com uma celebração de Vésperas, em 19 de junho, solenidade do Sagrado Coração de Jesus e Dia de Santificação Sacerdotal, «em presença da relíquia do Cura de Ars trazida pelo bispo de Belley-Ars», Dom Guy Claude Bagnard, segundo informa a Santa Sé. 

O encerramento será celebrado justamente um ano depois, com um «Encontro Mundial Sacerdotal» na Praça de São Pedro. 

Durante este Ano jubilar, está prevista a publicação de um «Diretório para os Confessores e Diretores Espirituais», assim como de uma «recopilação de textos do Papa sobre os temas essenciais da vida e da missão sacerdotais na época atual». 

O objetivo deste ano é, segundo expressou o próprio Papa hoje aos membros da Congregação para o Clero, «ajudar a perceber cada vez mais a importância do papel e da missão do sacerdote na Igreja e na sociedade contemporânea». 

Outro tema importante no qual se quer incidir, segundo o comunicado da Congregação, é a «necessidade de potenciar a formação permanente dos sacerdotes ligando-a à dos seminaristas».

quarta-feira, 11 de março de 2009

Humildade, ainda vale?

Deus é humilde

 

Ser cristão é ser diferente. A humildade é uma das características do seguidor de Jesus. É uma virtude de fama ruim. Nietzsche dizia que ela não é virtude, mas uma nojenta escravidão. Confunde-se o humilde com ser "bobo", "pobre de espírito" (não no sentido das bem-aventuranças). Humildade é a rainha das virtudes, pois é o modo de o amor existir. Sem a humildade, as demais virtudes se tornam vazias. Imaginemos a oração sem humildade! É a virtude dos grandes homens e mulheres que marcaram o mundo. As pessoas sábias são humildes. Sabem a verdade sobre si, sobre os outros e sobre o mundo. Santa Tereza d’Ávila diz que a humildade é a verdade. Podemos dizer que é a aceitação de todos sem impor restrições. Não basta ser inteligente; é preciso ser sábio. A humildade liberta e não escraviza. É respeito e veneração para com a outra pessoa. Partimos, como sempre, da Virtude que é um raio da divindade. Deus é humildade. Tem todo o Ser e se manifesta como acolhimento de cada ser na sua realidade. O relacionamento no seio da Trindade se faz na humildade do mútuo acolhimento e da mútua entrega, por isso são três que são um: um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. É essa a extrema humilhação: acolher em totalidade a outra Pessoa divina. É acolhimento que é doação. Na Encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, Deus chegou ao aniquilamento (Kénosis) no qual desapareceu a divindade e só se manifestou a humanidade assumida pelo Filho na Encarnação. A vida do Filho foi vivida na humildade desde o primeiro momento até a entrega na morte e sepultura. Era tido como homem, de uma raça, numa situação histórica e geográfica próprias. Em seu ministério esteve com os humildes, acolhendo-os. Este é o caminho que propõe: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humildade de coração" (Mt 11,29). Em Jesus vemos a Sabedoria e a Inteligência dominadas pela humildade. Assim é o discípulo. 

 

Humildade nos faz grandes



Deus se inclinou e acolheu. Não se fez dono, fez-se presença. Ao vir a nós, não nos humilhou, mas aceitou nossa condição. Não se desfez do que é, Deus, mas se fez humano como nós. Assim é a humildade: reconhecer a grandeza da pessoa do outro, sem perder a sua. Jesus mostrou face do Pai: "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,9). Transmitindo a mensagem do Pai, Jesus muda a concepção de grandeza: "Pois, qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve" (Lc 22,27). O serviço humilde dá-nos autoridade e grandeza. Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro, seja o vosso servo" (Mt 20,26-27). A humildade desfaz o orgulho, que é uma falsa segurança.

 

Atitudes do amor



A humildade mostra, até nas pequenas coisas, uma mudança de comportamento. Aprendemos a respeitar as pessoas, promover e provocar a igualdade. Um senhor francês, de Tietê, Bernard Fétizon, dizia a sua esposa Beatriz Fétizon, que achava muito bonito os brasileiros chamarem até os mendigos de senhor e senhora, que são títulos de nobreza (agora se diz tio. Pena!). A humildade na vida pública e eclesial ensinará a respeitar o direito do pobre, do humilde, de toda pessoa, com igualdade. As autoridades aprendam de Jesus que era manso e humilde de coração e não apelem para poder antes do serviço. O que dá grandeza ao homem não são os títulos e as roupas, mas pelo coração humilde. Humildade é a ressurreição do ser humano.

 

Fonte: Pe. Luiz Carlos Oliveira

terça-feira, 10 de março de 2009

CASO DA MENINA VIOLENTADA NO BRASIL: «POR QUE CHEGAMOS A ISSO?»

Questiona o novo arcebispo do Rio de Janeiro


BRASÍLIA, terça-feira, 10 de março de 2009

O novo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, considera que uma pergunta não foi feita no caso da menina brasileira de nove anos estuprada pelo padrasto, tendo ficado grávida e os fetos submetidos a aborto: «por que chegamos a isso?».

Antes de desenvolver o artigo em que comenta o caso –texto difundido ontem pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)–, o arcebispo chama a atenção para o fato de que muito do destaque da mídia brasileira ao episódio foi dado por emissoras de comunicação «mandadas por grupos religiosos independentes».

Ao prosseguir seu artigo, Dom Orani questiona: «quando uma pessoa que, tendo seus desequilíbrios emocionais, é capaz de usar sexualmente e brutalmente de uma criança a sociedade deveria se perguntar: “por que chegamos a isso?”».

«Do modo que coisas se movem no mundo, é bem capaz que o que hoje é crime amanhã seja virtude, como já aconteceu em muitas outras situações – veja-se nesse caso toda a campanha pró-aborto.»

No caso da gravidez da menina, Dom Orani considera que «a magistratura só soube oferecer um tipo de ajuda: a de matar a criança por nascer e ainda ameaçando a mãe da menor que estava nessa situação. Fala-se tanto de direitos para todos e critica-se a Igreja por defender a todos».

«Interessante é o depoimento da mãe da adolescente, que testemunhou que o único lugar em que não foi maltratada e sim respeitada foi o escritório da Caritas. Em todos os demais lugares só recebeu acusações e maus-tratos», escreve.

Mas –prossegue Dom Orani– «a pergunta ainda continua: por que essas coisas acontecem? A nossa resposta está na mudança de época e de cultura que ora vivemos». 

«A desvalorização da vida, da família, dos valores, da fé acabou conduzindo-nos a um estilo de vida hedonista, subjetivista, consumista e laxista, que parece não ter volta.»

«Mas nós acreditamos que o nosso mundo tem jeito! É essa nossa esperança e nossa luta!», escreve.

«As situações degradantes e complexas irão aumentar enquanto não avançarmos para uma sociedade moderna, onde as pessoas se respeitam, respeitam a vida e sabem cultivar valores.»

«Enquanto vivermos na “idade da pedra”, resolvendo as coisas matando os inocentes e criando violência em nossa frágil sociedade, o homem sempre terá saudade da utopia do “mundo novo”», afirma o arcebispo.

Dom Orani convida os católicos a pensarem «sobre esses caminhos por onde hoje andamos enquanto vivemos a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, que questiona justamente as bases de nossa sociedade», ao discutir a questão da violência e da segurança pública.

«Da resposta que dermos a essas interrogações dependerá o nosso futuro», afirma.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Quaresma: tomar em mãos um bom livro, abrir o Evangelho, indica cardeal

A Quaresma «é tempo de reflexão, porque o cristão é alguém que pensa», afirma o cardeal Geraldo Majella Agnelo.

Ao comentar o sentido da Quaresma em artigo enviado a Zenit hoje, o arcebispo de Salvador (Bahia, nordeste do Brasil) recorda que os primeiros cristãos «acreditaram que também eles tinham necessidade de tomar para si, cada ano, quarenta dias, para meditar sobre o mistério de Jesus morto e ressuscitado». 

«Assim nasceu a Quaresma. Quaresma, em latim Quadragésima, significa quadragésimo dia. De quarta feira de cinzas até começar a Semana Santa são quarenta dias.»

«O que fazer nesse tempo? –questiona o arcebispo–. Os evangelistas nos apresentam Jesus como pessoa reflexiva que amava o recolhimento, a meditação, a oração.»

Segundo Dom Geraldo Agnelo, seguindo o exemplo de Jesus, «somos convidados a criar também para nós este clima de seriedade e de empenho».

«Ser capazes de algumas vezes desligar o rádio e o televisor em nossa casa. Tomar em mãos um bom livro, abrir o Evangelho: ler, refletir, pensar em nossa vida, em nossos projetos, o que estamos preparando», indica.

Afirma também que é preciso «pensar nos que nos são caros, no significado de nossa presença em seu meio. Enfim no que pensamos fazer sob o olhar do Senhor».

«Quaresma é tempo de reflexão, porque o cristão é alguém que pensa. É preciso aprofundar, compreender: uma frase, por exemplo, do evangelho de hoje.»

«Jesus depois de quarenta dias voltou para o meio da gente e começou a pregar: “O tempo chegou, o reino de Deus está próximo, convertei-vos e crede no Evangelho”. São palavras sérias e comprometedoras», destaca.

O cardeal Agnelo enfatiza que este é um momento «de recolher-se em oração, fazer deserto. Aprender de Jesus, que se retirava de bom grado nos lugares solitários».

«Um pouco de escuta, de reflexão, de troca de ideias. Depois a volta à vida de todos os dias. Eis a surpresa: tornou-se diverso. Mudou-se por dentro», afirma.

A Quaresma: voltarmo-nos para Deus

"Se, por vezes, caminhamos de noite ou se atravessamos como que um deserto, não é para seguirmos um ideal. Seguimos uma pessoa: Cristo. Não estamos sozinhos, ele vai à nossa frente. Segui-lo implica um combate interior, com decisões a tomar, com fidelidades de toda uma vida. Neste combate, não nos apoiamos sobre as nossas próprias forças, mas abandonamo-nos à sua presença. O caminho não está traçado de antemão, implica também acolher surpresas, criar com o inesperado.
Deus não se cansa de retomar o caminho conosco. Podemos acreditar que uma comunhão com ele é possível e assim nunca nos cansamos de, também nós, retomar sempre de novo o combate. Não perseveramos para nos apresentarmos diante de Deus com o nosso melhor aspecto. Não, aceitamos avançar como pobres do Evangelho, que se confiam à misericórdia de Deus."


da Meditação do irmão Alois - Taizé