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terça-feira, 4 de maio de 2010

Novo livro do Papa Bento sobre a música: "Elogiar a Deus com a arte"

Em breve se publicará o livro sobre música que escreveu o Papa Bento XVI intitulado "Elogiar a Deus com a arte" no qual o Santo Padre "derrama sua paixão pela música e reflete sobre arte, liturgia e teologia", além de dar uma aproximação crítica a obras de grandes compositores como Schubert, Beethoven e Mozart.

Conforme informa o jornal La Razón da Espanha, o livro -cuja edição em português ainda não tem data- contém uma introdução de Riccardo Muti, atual diretor do Teatro da Ópera de Roma. No texto o Santo Padre "fala de teologia, do Concílio Vaticano II, de arte e de liturgia" e considera que "a beleza das criações artísticas é uma estupenda maneira de chegar a Deus".

"Há uma profunda relação entre a música e a esperança, entre o canto e avida eterna: não em vão a tradição cristã mostra os espíritos beatos enquanto cantam em coro, tomados e extasiados da beleza de Deus. A arte autêntica, como a oração, não nos afasta da realidade de cada dia, mas sim devolve a ela para ‘regá-la’ e fazê-la germinar para que dê frutos de bem e de paz", afirma a nota que o jornal espanhol escreve a partir da informação do diário La Stampa, da Itália.

No livro o Papa Bento XVI "agradece aos músicos que tocam para ele nas audiências e atos oficiais" e expressa sua paixão por seu compositor favorito, Mozart, assinalando que "deixa-me acima de tudo uma sensação de gratidão por haver-nos dado tudo isso e pelo fato de que tudo isso tenha sido dado a ele".

O Santo Padre faz uma crítica da perspectiva teológica e cristã sobre grandes compositores musicais como Beethoven e o autor austríaco Schubert, dizendo sobre este último que quando inserida um texto poético em sua música produz uma "trama melódica que penetra a alma com doçura, levando a quem o escuta a sentir a mesma chamada à verdade do coração que vai mais adiante do raciocínio sentido pelo músico".

Em novembro do ano passado se lançou o disco "Alma Mater", no qual o Papa Bento XVI fala e canta em cinco idiomas cantos gregorianos e marianos conhecidos. Nesse mesmo mês, sustentou um encontro com 260 artistas na Capela Sixtina no qual recordou a seus compositores a "responsabilidade de comunicar a beleza à sociedade" e sua missão de ser "anunciadores de esperança para a humanidade" através da música.

Fonte: ACIDigital

Santa Maria, Mãe de Deus


Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1,43)
O título "Théotokos" (Mãe de Deus) foi dado à Maria durante o Concílio de Éfeso (431), na Ásia Menor. A heresia de negar a maternidade divina de Nossa Senhora é muito anterior aos protestantes. Ela nasceu com Nestório, então Bispo de Constantinopla. Os protestantes retomaram esta heresia já sepultada pela Igreja de Cristo. Este é um problema de Cristologia e não de Mariologia. Vamos demonstrar através dos exemplos abaixo a autencidade da doutrina católica.

Maria é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus.
Se perguntarmos a alguém se ele e filho de sua mãe, se esta verdadeiramente for a mãe dele, de certo nos lancará um olhar de espanto. E teria razão. O homem como sabemos é composto de corpo, alma e espírito. A minha mãe me deu meu corpo, a parte material deste conjunto trinitário que eu sou; sendo minha alma e espírito dados por Deus. E minha mãe que me deu a luz não é verdadeiramente minha mãe?
Apliquemos, agora, estas noções de bom senso ao caso da Maternidade divina de Nossa Senhora. Há em Nosso Senhor Jesus Cristo duas naturezas: a humana e a divina, constituindo uma só pessoa, a pessoa de Jesus. Nossa Santa Mãe é mãe desta pessoa, dando a ela somente a parte material, como nosso mãe também o faz. O Espírito e Alma de Cristo também vieram de Deus. Nossa mãe não é mãe do nosso corpo, mas mãe de nossa pessoa. Assim também Maria é Mãe de Cristo. Ela não é a Mae da Divindade ou da Trindade, mas é mãe de Cristo a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que também é Deus. Sendo Jesus Deus, Maria é Mãe de Deus.
Basta um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da Santíssima Virgem. Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (pois Deus não morre), mas nos redimiu como Deus, pelos seus méritos infinitos. Ora, a natureza humana de Nosso Senhor e a natureza divina não podem ser separadas, pois a Redenção não existiria se Nosso Senhor tivesse morrido apenas como homem. Logo, Nossa Santa Mãe, Mãe de Nosso Senhor, mesmo não sendo mãe da divindade é Mãe de Deus, pois Nosso Senhor é Deus. Se negarmos a maternidade de Nossa Senhora, negaremos a redenção do gênero humano.
A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, uma negação ao ensino dos Apóstolos de Cristo.
Provas da Sagrada Escritura
A Igreja Católica sendo a única Igreja Fundada por Cristo, confirmada pelos Apóstolos e seus legítimos sucessores; sendo Ela a escritora, legitimadora e guardiã da Bíblia, jamais poderia ensinar algo que estivesse contra o Ensino da Bíblia.
Vejamos o que a Sagrada Escritura ensina sobre a Maternidade Divina de Nossa Senhora:
  1. O profeta Isaías escreveu: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel [Deus conosco]." (Is 7,14). Claramente o profeta declara que o filho da virgem será divino, portanto a maternidade da virgem também é divina, o que a faz ser Mãe de Deus.
  2. O Arcanjo Gabriel disse: "O Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35). Se ele é filho de Deus, ele tb é Deus e Maria é sua Mãe, portanto Mãe de Deus. Isaías também escreveu o mesmo em Is 7,14.
  3. Cheia do Espírito Santo, Santa Izabel saudou Maria dizendo: "Donde a mim esta dita de quea mãe do meu Senhor venha ter comigo"? (Lc 1,43) E Mãe de meu Senhor quer dizer Mãe do meu Deus, portanto Mãe de Deus..
  4. São Paulo ainda escreveu: "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei." (Gl. 4,4). São Paulo claramente afirma que uma mulher foi a Mãe do filho de Deus, portanto Mãe de Deus.

Tendo a Sagrada Escritura seu berço na Igreja - portanto sendo menor que Ela - , vemos como está de acordo com o ensino da mesma.
A Doutrina dos Santos Padres
Será que os Apóstolos de Cristo concordavam com a Maternidade Divina de Nossa Senhora? Pois segundo os protestantes, a Igreja Católica inventou a maternidade divina de Maria no séc V durante o Concílio de Éfeso.
Vejamos o que diz o Apóstolo Santo André: "Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu". (Sto Andreas Apost. in trasitu B. V., apud Amad.)
Veja agora o testemunho de São João Apóstolo: "Maria, é verdadeiramente Mãe de Deus, pois concebeu e gerou um verdadeiro Deus, deu a luz, não um simples homem como as outras mães, mas Deus unido a carne humana." (S. João Apost. Ibid)
São Tiago: "Maria é Santíssima, a Imaculada, a gloriosíssima Mãe de Deus" (S. Jac. in Liturgia)
São Dionísio Areopagita: "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes." (S. Dion. in revel. S. Brigit.)
Orígenes escreveu: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe" (Orig. Hom I, in divers. - Sec. II )
Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta." (Sto. Ath. Or. in pur. B.V.)
Santo Efrém: "Maria é Mãe de Deus sem culpa" (S. Ephre. in Thren. B.V.).
São Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus". (S. Jerôn. in Serm. Ass. B.V.).
Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". (S. Agost. in orat. ad heres.).
Todos os Santos Padres afirmaram em amor e veneração a maternidade divina por Nossa Senhora. Me cansaria em citar todos os testemunhos primitivos.
Agora uma surpresa para os protestantes. Lutero e Calvino sempre veneraram a Santíssima Virgem. Veja abaixo a testemunho dos pais da Reforma:
  1. "Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis monarcas da Terra, comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar o suficiente, a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade." (Martinho Lutero no comentário do Magnificat - cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista Jesus vive e é o Senhor).
  2. "Não há honra, nem beatitude, que se aproxime sequer, por sua elevação, da incomparável prerrogativa, superior a todas as outras, de ser a única pessoa humana que teve um Filho em comum com o Pai Celeste" (Martinho Lutero - Deutsche Schriften, 14,250).
  3. "Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (Calvino - Comm. Sur I'Harm. Evang., 20)
A negação da Maternidade divina de Nossa Senhora é uma negação à Verdade, é negar a Divindade de Cristo, é negar o ensino dos Apóstolos de Cristo.
O Concílio Ecumênico de Éfeso
Quando o heresiarca Ario divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundí-lo, assim como fez surgir Santo Agostinho para suplantar o herege Pelágio, e São Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório, que haviam semeado a pertubação e a indignação no Oriente.
Em 430, o Papa São Celestino I, num concílio de Roma, examinou a doutrina de Nestório que lhe fora apresentada por São Cirilo e condenou-a anti-católica, herética.
São Cirilo formulou a condenação em doze proposições, chamadas os doze anátemas, em que resumia toda a doutrina católica a este respeito.
Pode-se resumí-la em três pontos:
  1. Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é pessoalmente distinto do Filho de Deus;
  2. A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Crito, que é Deus;
  3. Em virtude da união hipostática, há comunicações de idiomas, isto é; denominações, propriedades e ações das duas naturazas em Jesus Cristo, que podem ser atribuidas à sua pessoa, de modo que se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou o mundo, Deus ressuscitou.
Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o Concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo.
Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. São Cirilo presidiu a assembléia em nome do Papa. Nestório recusou comparecer perante aos bispos unidos.
Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Sobre um trono, no centro da assembléia, os bispos colocaram o Santo Evangelho, para representar a assistência de Jesus Cristo, que prometera estar com a sua Igreja até a consumação dos séculos, espetáculo santo e imponente que desde então foi adotado em todos os concílios.
Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla.
Quando a multidão anciosa que rodeava a Igreja de Santa Maria Maior, onde se reunia o concílio, soube da definição que proclamava Maria Mãe de Deus, num imenso brado ecoou a exclamação: "Viva Maria, Mãe de Deus! Foi vencido o inimigo da Virgem! Viva a grande, a augusta, a gloriosa Mãe de Deus!"
Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte".

Maria nos ensina a reconhecer no rosto de Jesus o rosto de Deus, diz Bento XVI

VATICANO, 02 de maio de 2010 às 11h39 am

Milhares de fiéis rezaram este meio-dia o Regina Caeli na Praça de São Carlos, em Turim, depois da Missa Papa Bento XVI com ocasião de sua visita a esta cidade para a Ostensão do Santo Sudário. Em suas palavras introdutórias o Santo Padre assinalou a Maria como modelo para ver a Cristo com um olhar de amor e de fé para assim reconhecer em seu rosto humano o Rosto de Deus.

A Virgem Maria é aquela que, mais que ninguém, contemplou a Deus no rosto humano do Jesus. Viu-o logo depois de nascido; viu-o apenas morto. Dentro dela ficou impressa a imagem de seu Filho martirizado; mas esta imagem foi ulteriormente transfigurada pela luz da Ressurreição”, disse o Santo Padre.

Além disso, disse o Papa, no coração de Maria está custodiado o mistério do rosto de Cristo, mistério de morte e de glória. E assim, dela podemos sempre aprender a olhar a Jesus com um olhar de amor e de fé, podemos aprender a reconhecer naquele rosto humano o Rosto de Deus”.

Depois de ressaltar que em Turim; a Virgem Maria é venerada como Padroeira sob o título de Beata Virgem Consolata, o Santo Padre pediu que Ela vele “pelas famílias e pelo mundo do trabalho”, “por quantos perderam a fé e a esperança”; “confortar os doentes, presidiários e quantos sofrem”; “sustentar os jovens, os anciãos e as pessoas em dificuldade”.

Vela, ó Mãe da Igreja, pelos Pastores e toda a comunidade dos crentes para que sejam sal e luz em meio da sociedade”, pediu o Papa à Santa Maria.

“À Virgem Santíssima –concluiu– confio com gratidão a quantos trabalharam por minha visita, e pela Ostensão da Síndone. Rezo por eles e para que estes eventos favoreçam uma profunda renovação espiritual”.

Seguidamente o Papa rezou o Regina Caeli, saudou em diversos idiomas, repartiu sua Bênção Apostólica e prosseguiu sua visita dirigindo-se à Catedral de Turim para rezar diante do linho que envolveu o corpo do Jesus depois da sua morte. 

Fonte: ACIDigital

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Muito mais que pedofilia

As notícias sobre pedofilia, envolvendo membros do clero, difundiram-se de modo insistente. Tristes fatos, infelizmente, existiram no passado e existem no presente; não preciso discorrer sobre as cenas escabrosas de Arapiraca... A Igreja vive dias difíceis, em que aparece exposto o seu lado humano mais frágil e necessitado de conversão. De Jesus aprendemos: “Ai daqueles que escandalizam um desses pequeninos!” E de S.Paulo ouvimos: “Não foi isso que aprendestes de Cristo”.

As palavras dirigidas pelo papa Bento XVI aos católicos da Irlanda servem também para os católicos do Brasil e de qualquer outro país, especialmente aquelas dirigidas às vítimas de abusos e aos seus abusadores. Dizer que é lamentável, deplorável, vergonhoso, é pouco! Em nenhum catecismo, livro de orientação religiosa, moral ou comportamental da Igreja isso jamais foi aprovado ou ensinado! Além do dano causado às vítimas, é imenso o dano à própria Igreja.

O mundo tem razão de esperar da Igreja notícias melhores: Dos padres, religiosos e de todos os cristãos, conforme a recomendação de Jesus a seus discípulos: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles, vendo vossas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus!” Inútil, divagar com teorias doutas sobre as influências da mentalidade moral permissiva sobre os comportamentos individuais, até em ambientes eclesiásticos; talvez conseguiríamos compreender melhor por que as coisas acontecem, mas ainda nada teríamos mudado.

Há quem logo tem a solução, sempre pronta à espera de aplicação: É só acabar com o celibato dos padres, que tudo se resolve! Ora, será que o problema tem a ver somente com celibatários? E ficaria bem jogar nos braços da mulher um homem com taras desenfreadas, que também para os casados fazem desonra? Mulher nenhuma merece isso! E ninguém creia que esse seja um problema somente de padres: A maioria absoluta dos abusos sexuais de crianças acontece debaixo do teto familiar e no círculo do parentesco. O problema é bem mais amplo!

Ouso recordar algo que pode escandalizar a alguns até mais que a própria pedofilia: É preciso valorizar novamente os mandamentos da Lei de Deus, que recomendam atitudes e comportamentos castos, de acordo com o próprio estado de vida. Não me refiro a tabus ou repressões “castradoras”, mas apenas a comportamentos dignos e respeitosos em relação à sexualidade. Tanto em relação aos outros, como a si próprio. Que outra solução teríamos? Talvez o vale tudo e o “libera geral”, aceitando e até recomendando como “normais” comportamentos aberrantes e inomináveis, como esses que agora se condenam?

As notícias tristes desses dias ajudarão a Igreja a se purificar e a ficar muito mais atenta à formação do seu clero. Esta orientação foi dada há mais tempo pelo papa Bento XVI, quando ainda era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso mesmo, considero inaceitável e injusto que se pretenda agora responsabilizar pessoalmente o papa pelo que acontece. Além de ser ridículo e fora da realidade, é uma forma oportunista de jogar no descrédito toda a Igreja católica. Deve responder pelos seus atos perante Deus e a sociedade quem os praticou. Como disse S.Paulo: Examine-se cada um a si mesmo. E quem estiver de pé, cuide para não cair!

A Igreja é como um grande corpo; quando um membro está doente, todo o corpo sofre. O bom é que os membros sadios, graças a Deus, são a imensa maioria! Também do clero! Por isso, ela será capaz de se refazer dos seus males, para dedicar o melhor de suas energias à Boa Notícia: para confortar os doentes, visitar os presos nas cadeias, dar atenção aos abandonados nas ruas e debaixo dos viadutos; para ser solidária com os pobres das periferias urbanas, das favelas e cortiços; ela continuará ao lado dos drogados e das vítimas do comércio de morte, dos aidéticos e de todo tipo de chagados; e continuará a acolher nos Cotolengos criaturas rejeitadas pelos “controles de qualidade” estéticos aplicados ao ser humano; a suscitar pessoas, como Dom Luciano e Dra. Zilda Arns, para dedicarem a vida ao cuidado de crianças e adolescentes em situação de risco; e, a exemplo de Madre Teresa de Calcutá, ainda irá recolher nos lixões pessoas caídas e rejeitadas, para lavar suas feridas e permitir-lhes morrer com dignidade, sobre um lençol limpo, cercadas de carinho. Continuará a mover milhares de iniciativas de solidariedade em momentos de catástrofes, como no Haiti; a estar com os índios e camponeses desprotegidos, mesmo quando também seus padres e freiras acabam assassinados.

E continuará a clamar por justiça social, a denunciar o egoísmo que se fecha às necessidades do próximo; ainda defenderá a dignidade do ser humano contra toda forma de desrespeito e agressão; e não deixará de afirmar que o aborto intencional é um ato imoral, como o assassinato, a matança nas guerras, os atentados e genocídios. E sempre anunciará que a dignidade humana também requer comportamentos dignos e conformes à natureza, também na esfera sexual; e que a Lei de Deus não foi abolida, pois está gravada de maneira indelével na coração e na consciência de cada um.

Mas ela o fará com toda humildade, falando em primeiro lugar para si mesma, bem sabendo que é santa pelo Santo que a habita, e pecadora em cada um de seus membros; todos são chamados à conversão constante e à santidade de vida. Não falará a partir de seus próprios méritos, consciente de trazer um tesouro em vasos de barro; mas, consciente também de que, apesar do barro, o tesouro é precioso; e quer compartilhá-lo com toda a humanidade. Esta é sua fraqueza e sua grandeza!

Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo 
Artigo publicado em O ESTADO DE SÃO PAULO, ed. 11. 04.2010

Missão irrenunciável da Igreja também é anunciar Cristo na Internet, diz o Papa Bento XVI

VATICANO, 24 de abril de 2010 às 11:22 AM

Ao receber este meio-dia (hora local) os participantes do congresso nacional "Testemunhas digitais. Rostos e linguagens na era digital", promovido pela Conferência Episcopal Italiana, o Papa Bento XVI ressaltou que a missão irrenunciável da Igreja também é anunciar a Cristo na Internet, mostrando a todos a verdadeira dignidade da pessoa criada Por Deus para que com Ele chegue à sua plenitude.

Ao iniciar seu discurso em italiano, o Santo Padre fez um breve diagnóstico sobre as novas realidades virtuais, em meio das quais "aumentam os perigos de homologação e controle, de relativismo intelectual e moral" e expressou seu desejo de que este congresso aponte a "reconhecer os rostos, supere essas dinâmicas coletivas que podem fazer desaparecer a percepção da profundidade das pessoas e ficar em sua superfície: quando isto acontece, convertem-se em corpos sem alma, objetos de mudança e de consumo".

Ao falar logo do caminho de humanização, Bento XVI recordou sua encíclica "Caritas in veritate" na que assinala a necessidade de que os meios estejam centrados em "a promoção da dignidade das pessoas e os povos, estejam animados pela caridade e postos ao serviço da verdade, do bem e da fraternidade natural e sobrenatural".

"Somente com tais condições a passagem de época que estamos atravessando pode revelar-se rica e fecunda de novas oportunidades. Sem temor queremos entrar no mar digital, confrontando a navegação aberta com a mesma paixão que há dois mil anos governa a barco da Igreja. Mais que os recursos técnicos, que são necessários, queremos nos qualificar habitando também este universo com um coração crente, que contribua a dar uma alma ao ininterrupto fluxo comunicativo da rede".

Esta, continuou o Papa, "é nossa missão, a missão irrenunciável da Igreja: a tarefa de todo crente que obra nos meios é a de ‘aplainar o caminho a novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contato humano e a atenção às pessoas e suas verdadeiras necessidades espirituais, oferecendo aos homens que vivem este tempo ‘digital’ os sinais necessários para reconhecer o Senhor’".

"Queridos amigos, também na rede estamos chamados a colocar-nos como ‘animadores de comunidades’, atentos a ‘preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus’ e a expressar uma particular sensibilidade para quantos ‘estão desesperançados e têm no coração desejos de absoluto e de verdade não esgotados’. A rede poderá assim converter-se em uma espécie de ‘pórtico dos gentis’ aonde se ‘faça espaço também para quem Deus é ainda um desconhecido’".

Depois de animar o trabalho dos meios católicos na Itália, o Santo Padre exortou a "todos os profissionais da comunicação a não deixarem de nutrir-se no próprio coração daquela sã paixão pelo homem que se converte em tensão assim como a aproximar-se sempre mais a suas linguagens e a seu verdadeiro rosto. Ajudar-nos-á nesta tarefa uma sólida preparação teológica e sobre tudo uma profunda e alegre paixão por Deus, alimentada no contínuo diálogo com o Senhor".

Ao finalizar, Bento XVI alentou a todos a "percorrerem, animados pela coragem do Espírito Santo, os caminhos do continente digital. Nossa confiança não está posta acriticamente em algum instrumento da técnica. Nossa força está no ser Igreja, comunidade crente, capaz de testemunhar a todos a perene novidade do Ressuscitado, com uma vida que floresce em plenitude na medida em que se abre, entra em relação, doa-se com gratuidade".

Fonte: ACIdigital

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cresce número de católicos no mundo, indica estudo do Vaticano


O número de católicos no mundo cresceu 11,54%, passando de 1.045 bilhão em 2000 para 1.166 bilhão em 2008. O índice é um pouco maior que a taxa de crescimento da população mundial, que foi de 10,77% no período.


É o que indica o Annuarium Statisticum Ecclesiae (Anuário Estatístico da Igreja), preparado pelo Departamento Central de Estatísticas da Igreja e editado pela Libreria Editrice Vaticana, divulgado pelo Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé nesta terça-feira, 27.

A África é o continente em que o crescimento foi mais amplo (33,02%), enquando a Europa é a região em que a evolução foi menor (apenas 1,17%). A Ásia (15,61%), a Oceania (11,39%) e a América (10,93%) também apresentaram incremento no número de fiéis católicos batizados.

O estudo também mostra que, nos oito anos que vão desde 2000 a 2008, o número dos bispos passou de 4.541 para 5.002, com um aumento relativo que supera os 10%, evidenciando uma melhor e mais harmônica distribuição do episcopado nas realidades continentais, bem como um significativo equilíbrio quantitativo entre sacerdotes e bispos no transcorrer do tempo.

O número total dos sacerdotes no período mostra uma tendência de crescimento positiva, especialmente na África e na Ásia, onde registra-se um aumento de 33,1% e 23,8%, respectivamente. Já na América a situação é estável, na Europa há uma queda de mais de 7% e, na Oceania, a diminuição é de 4%. A Áfria e a Ásia já contribuem com 21,9% do total de sacerdotes do mundo, enquanto a Europa caiu de 51% (em 2000) para 47% do total (em 2008).

Os diáconos permanentes passaram de cerca de 28 mil em 2000 para 37 mil em 2008, com uma variação relativa de 33,7%. Já os religiosos professos não sacerdotes tiveram uma queda de 55.057 para 54.541, especialmente na Europa (-16,6%) e Oceania (-22,1%).

Por sua vez, as religiosas professas representam, em 2008, uma população global de 740 mil pessoas, cerca de duas vezes maior que a dos sacerdotes. 41% desse total está na Europa, seguida pela América, que conta outras 203 mil consagradas, e pela Ásia, que soma 161 mil. Em respeito ao ano 2000, o grupo sofreu uma diminuição de 7,75%.

Também registra-se uma clara tendência ao crescimento dos estudantes de Filosofia e Teologia presentes nos centros diocesanos e religiosos: no mundo, passou-se dos quase 110 mil candidatos em 2000 para 117 mil em 2008, com uma variação positiva de 28,6%.

Fonte: Dados da Rádio Vaticano.