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sexta-feira, 25 de março de 2011

Anunciação do Senhor - Meu aniversário

Na Igreja antiga celebrava-se, pouco antes do Natal, o mistério da Encarnação; a isso se referem ainda os textos litúrgicos do terceiro domingo do Advento. Não foi apenas uma preocupação de exatidão cronológica que contribuiu para fixar a festa da Anunciação nove meses antes do nascimento do Senhor; cálculos eruditos e considerações místicas fixavam igualmente em 25 de março a data da crucifixão de Jesus e da criação do mundo. Deus não entrou no mundo pela força; quis "propor-se". O "sim" da Virgem Maria realiza definitivamente a aliança.

Nela está todo o povo da promessa: o antigo (hebreus) e o novo (a Igreja); "o Senhor está com ela", isto é, Deus é nosso Deus e nós somos para sempre seu povo. As leituras da Liturgia de hoje nos orientam para o mistério da Páscoa. O primeiro, o único "sim" do Filho, que, entrando neste mundo, disse: "Eis que venho para fazer a tua vontade" (Sl 39; Hb 10,4-10); recebe a resposta do Pai, o qual, depois da oferta dolorosa da paixão, selará com a ressurreição, no Espírito, a salvação apresentada a todos através da Igreja.


A Encarnação é também o mistério da colaboração responsável da Santíssima Virgem na salvação recebida como dom. Revela-nos que Deus, para salvarnos, escolheu essa pedagogia, a de passar através do homem: "... e o Verbo se fez carne e veio habitar no meio de nós... e nós vimos sua glória" (Jo 1,14).

Repetindo em cada Santa Missa: "Fazei isto em memória de mim!", o Senhor nos ensina a "darmos" também o nosso corpo e o nosso sangue aos irmãos. Tornamos assim digna de fé a salvação de Deus, encarnando-a também nos pequenos "sim" que todos os dias repetimos, a exemplo da Beatíssima sempre Virgem Maria.


A Humildade de Maria na Anunciação do Anjo

Santo Afonso Maria de Ligório
Terciário Franciscano (+1787)

Falando o Senhor, no Cântico dos Cânticos, precisamente da humildade desta humilíssima Virgem, disse: "Enquanto o rei está no seu repouso, exalou o meu nardo a sua fragância" (1,11). Comenta Santo Antônio de Pádua as citadas palavras deste modo: O nardo, planta pequena e baixa, é figura da humildade de Maria, cujo odor subiu ao céu e atraiu o Verbo do seio do Eterno Pai ao seu seio virginal. De modo que o Senhor, atraído pela fragrância desta humilde virgenzinha, a escolheu para sua Mãe, querendo fazer-se homem, para remir o mundo.
Mas, para maior glória e merecimento desta Mãe, não quis fazer seu Filho, sem que primeiro ela prestasse seu consentimento. Eis porque, enquanto a humilde virgem suspirava em sua cela, com mais fervor que nunca, pela vinda do Redentor, vem o arcanjo Gabriel com a grande embaixada. Entra e saúda-a dizendo: "Ave, Maria, cheia de graça; o Senhor é convosco e bendita sois entre as mulheres"(Lc 1,28). Deus vos saúde, ó Virgem cheia de graça, pois fostes sempre rica da graça, acima de todos os santos.

"Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra". Eis a resposta mais bela, mais humilde e mais prudente, que nem toda a sabedoria dos homens e dos anjos juntamente teria podido inventar, se nela pensassem por um milhão de anos! Ó resposta que alegraste o céu e trouxeste à terra um mar imenso de graças e de bens! Resposta que apenas saída do humilde coração de Maria, atraíste do seio do Eterno Pai o Unigênito Filho, para fazê-lo homem no seio puríssimo da Virgem. Com efeito, mal foram pronunciadas as palavras "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra", e já o Filho de Deus passou a ser também Filho de Maria. Com um fiat criou Deus a luz, o céu, a terra, mas com este fiat de Maria um Deus se tornou homem como nós.


Fonte: Missal Cotidiano

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